quarta-feira, 11 de junho de 2014

AGRICULTURA FAMILIAR E AGRO NEGÓCIO.

Apesar da seca, das enchentes e da falta de estímulo oficial, a safra nacional de grãos deste ano foi a maior de todas, conforme dados preliminares divulgados pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Uma leitura superficial poderia atribuir ao agronegócio essa conquista. Na realidade, a maioria dos alimentos que abastecem a mesa dos brasileiros é produzida pela agricultura familiar, aí incluídos os assentamentos da Reforma Agrária. Os números não deixam qualquer dúvida. A agricultura familiar produz 79% do leite, 90% das aves, 79% dos suínos, 60% do milho. Isso sem falar nos hortifrutigranjeiros, produzidos, quase exclusivamente, pelas pequenas propriedades.
E isto é tanto mais espantoso quando se leva em conta a propriedade da terra. Cerca de 50% das terras agricultáveis, no Brasil, estão nas mãos de 2% dos proprietários. Os minifundios, com menos de mil hectares, fazem parte dos 98% dos pequenos e médios agricultores.
A região colonial no Rio Grande do Sul experimentou notável desenvolvimento a partir das pequenas propriedades rurais. Ainda hoje, a metade sul do Estado, onde predomina o latifúndio, apresenta uma renda anual média inferior a R$ 10 mil. Já na região norte do Estado, a média por pessoa supera a casa dos R$ 21 mil. Isso sem falar no ganho da ecologia.
Esses dados parecem não impressionar os tecnocratas do país. E por isso a reforma agrária não avança e o dinheiro oficial tem sempre o endereço certo: o agronegócio voltado para a exportação. O desenvolvimento econômico passa pelo desenvolvimento humano e pela correta redistribuição de terras. A falta de reforma agrária - que é muito mais que a distribuição de lotes - contribui também para o inchaço das grandes cidades e a crescente criminalidade.

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