Apesar
da seca, das enchentes e da falta de estímulo oficial, a safra nacional
de grãos deste ano foi a maior de todas, conforme dados preliminares
divulgados pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Uma leitura superficial poderia atribuir ao agronegócio essa conquista.
Na realidade, a maioria dos alimentos que abastecem a mesa dos
brasileiros é produzida pela agricultura familiar, aí incluídos os
assentamentos da Reforma Agrária. Os números não deixam qualquer dúvida.
A agricultura familiar produz 79% do leite, 90% das aves, 79% dos
suínos, 60% do milho. Isso sem falar nos hortifrutigranjeiros,
produzidos, quase exclusivamente, pelas pequenas propriedades.
E
isto é tanto mais espantoso quando se leva em conta a propriedade da
terra. Cerca de 50% das terras agricultáveis, no Brasil, estão nas mãos
de 2% dos proprietários. Os minifundios, com menos de mil hectares,
fazem parte dos 98% dos pequenos e médios agricultores.
A região
colonial no Rio Grande do Sul experimentou notável desenvolvimento a
partir das pequenas propriedades rurais. Ainda hoje, a metade sul do
Estado, onde predomina o latifúndio, apresenta uma renda anual média
inferior a R$ 10 mil. Já na região norte do Estado, a média por pessoa
supera a casa dos R$ 21 mil. Isso sem falar no ganho da ecologia.
Esses dados parecem não impressionar os tecnocratas do país. E por isso a
reforma agrária não avança e o dinheiro oficial tem sempre o endereço
certo: o agronegócio voltado para a exportação. O desenvolvimento
econômico passa pelo desenvolvimento humano e pela correta
redistribuição de terras. A falta de reforma agrária - que é muito mais
que a distribuição de lotes - contribui também para o inchaço das
grandes cidades e a crescente criminalidade.
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