segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

PODE ATÉ PIORAR...

O diretor de um jornal confiou ao seu melhor jornalista uma matéria sobre como consertar o mundo. Deu-lhe três dias de folga para refletir. Ao chegar em casa, o jornalista disse à esposa que ganhara três dias de folga e iriam passear. No final do terceiro dia, o jornalista foi para seu escritório, em sua casa, para redigir a matéria. Estendeu o mapa do mundo buscando inspiração. Nisto entrou na sala sua filhinha de cinco anos. Havia encontrado uma flor de diversas cores e queria saber a causa desta diversidade. Para livrar-se da menina, o pai pegou o mapa, rasgou-o em dezenas de pedaços e mandou que a filha montasse de novo o mapa, depois daria a explicação.
Passaram-se alguns minutos e, para espanto do pai, a filha voltou com o mapa completamente restaurado. Surpreso, quis saber como a filha havia conseguido, com tanta rapidez, reconstituir o mapa. É que atrás do mapa, explicou a filha, havia o desenho de um homem. Eu consertei o homem e acabei consertando o mundo.
Todos temos a preocupação de consertar o mundo. O problema é onde começar. Uma velha discussão apresenta duas alternativas. Para alguns, basta mudar o homem e as estruturas mudarão. Para outros, é preciso mudar as estruturas, assim o homem mudará. Ambas as teorias falham. Para mudar o mundo, devemos começar por nós mesmos. Sem esse ponto de partida, o mundo vai continuar como é. Pode até piorar.
Facilmente acusamos os outros pelos desacertos do mundo. Eles são os responsáveis. Mas quem são eles? E acabamos fazendo uma lista: os políticos, os comerciantes, os padres, os policiais, os omissos... Eles, sempre eles. E o mundo continua precisando mudar. E continua cheio de lamentações porque ele não muda... É que eles não ajudam.
A mudança é um processo. E a pessoa precisa acolher esse processo. A mudança tem um ponto de partida e um horizonte sem fim para chegar. Mas esta distância enorme tem sempre um ponto de partida. Aquele que começa periga acabar, lembra o povo. E o começo funciona melhor a partir de pequenas coisas. Um edifício é feito de tijolos, a praia é composta de milhões de partículas de areia e é com gotas que se forma o mar.
A experiência de cada dia nos diz que a vida corre sempre para frente, nunca volta atrás. Algumas coisas não se recuperam: a pedra depois de lançada, a palavra depois de proferida, a ocasião, depois de perdida, o tempo depois de passado. Tudo isso precisa ser contabilizado na soma da vida. A cada dia é possível recomeçar, mas recomeçamos a partir do dia anterior. A palavra, depois de proferida admite uma correção. Mas a pedra lançada, a ocasião perdida e o tempo passado não voltam atrás.
Diante desse panorama, é inteligente adotar algumas medidas. O mundo precisa ser reformado, mas a partir de nós mesmos. Mas a vida não volta atrás. O tempo é limitado e por isso não podemos perder qualquer ocasião. É com elas que se faz uma vida. É com ela que se pode perder o brilho de uma vida.

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