A utopia não se opõe à realidade, antes pertence a ela, porque esta não é feita apenas por aquilo que é dado, mas por aquilo que é potencial e que pode um dia se transformar em dado. A utopia nasce deste transfundo de virtualidades presentes na história e em cada pessoa. O filósofo Ernst Bloch cunhou a expressão princípio-esperança. Por princípio-esperança, que é mais que a virtude da esperança, ele entende o inesgotável potencial da existência humana e da história que permite dizer não a qualquer realidade concreta, às limitações espaço-temporais, aos modelos políticos e às barreiras que cerceiam o viver, o saber, o querer e o amar.
O ser humano diz não porque primeiro disse sim: sim à vida, ao sentido, aos sonhos e à plenitude ansiada. Embora realisticamente não entreveja a total plenitude no horizonte das concretizações históricas, nem por isso ele deixa de ansiar por ela com uma esperança jamais arrefecida.
Como comentava Bloch: “O verdadeiro Gênese não está no começo mas no fim”. Só no termo do processo da evolução serão verdadeiras as palavras das Escrituras: “E Deus viu que tudo era bom”. Enquanto evoluímos nem tudo é bom, só perfectível.
Anunciar tal esperança no atual contexto sombrio do mundo não é irrelevante. Transforma a eventual tragédia da Terra e da Humanidade devido às ameaças sociais e ecológicas, numa crise purificadora. Vamos fazer uma travessia perigosa, mas a vida será garantida e o planeta ainda se regenerará.
Anunciar tal esperança no atual contexto sombrio do mundo não é irrelevante. Transforma a eventual tragédia da Terra e da Humanidade devido às ameaças sociais e ecológicas, numa crise purificadora. Vamos fazer uma travessia perigosa, mas a vida será garantida e o planeta ainda se regenerará.
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