quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O CHÁ VERDE DOS PAMPAS

Ultimamente, muito tem se ouvido falar dos chás do Oriente - preto, verde, branco e vermelho - por suas propriedades digestivas e protetoras do coração. Mas não é preciso ir tão longe para obter benefícios ao organismo. A erva-mate, nativa dos pampas brasileiros, e também do Uruguai, Paraguai e Argentina, é tão ou mais saudável do que o chá verde oriental. Os brasileiros têm muitas maneiras de sorver a infusão de erva-mate: quente, gelada, no chimarrão ou no tererê. Todas elas garantem benefícios à saúde, segundo estudos recentes.
Na Universidade Federal de Santa Catarina, os pesquisadores notaram que três doses diárias de 300 ml de chá de erva-mate são capazes de diminuir em 13% o colesterol ruim (LDL) e aumentar o bom (HDL). Esse efeito foi observado em amostras de sangue de 100 voluntários que incluíram a bebida nas refeições durante 60 dias. Os pesquisadores acreditam que essa ação se deve às saponinas, substâncias presentes na erva-mate que funcionam como uma espécie de detergente. Elas reagiriam com os ácidos biliares impedindo a absorção de gordura pelo intestino.
Este mesmo efeito também foi verificado em cobaias, em pesquisa realizada pela Universidade São Francisco (SP). Além da redução dos índices de colesterol ruim, as taxas de triglicerídeos e de açúcar baixaram, segundo os pesquisadores. Os animais também apresentaram queda no peso, possivelmente porque os princípios ativos da erva-mate também inibem a ação de uma enzima envolvida na digestão da gordura, a lipase.
As pesquisas com a erva ultrapassam os limites do Brasil. Na Coréia do Sul, cientistas da Universidade de Yonsei também verificaram que a inclusão de erva-mate na alimentação de ratos resultou em diminuição do peso, da gordura abdominal e da glicose. Assim, pode-se concluir que o mate é amigo do coração, agindo na prevenção de doenças cardiovasculares.
A erva dos pampas ainda tem substâncias antioxidantes que combatem os radicais livres, inibindo o desenvolvimento de males degenerativos, como câncer. Após as refeições, o chá-mate também é muito bem-vindo, já que estimula a produção da bile, substância responsável por digerir gorduras, e os movimentos do intestino, favorecendo a digestão.
O cérebro também parece se beneficiar dos princípios ativos da planta. A Universidade Federal de Santa Catarina investiga o assunto. Em ratos, pesquisadores notaram sinais de melhora na memória de curto prazo e na atividade cognitiva. O benefício estaria associado à cafeína, presente em grande quantidade na composição da erva, que bloqueia os receptores cerebrais da adenosina, uma molécula que, em excesso, prejudica o raciocínio.
Para obter todos os benefícios da erva-mate, os especialistas recomendam fazer a infusão, deixar descansar por cerca de dez minutos, coar e beber, três vezes ao dia, cerca de 300 ml por vez. A infusão pronta não deve ser armazenada por mais de 24 horas, para que não perca seus princípios ativos.

Erva deve ser evitada à noite

A cafeína presente na erva-mate tem ação benéfica no organismo, mas, como qualquer outra substância, em excesso, pode ser prejudicial. Pelo efeito da cafeína, o melhor é consumir a erva-mate, seja em forma de chá ou chimarrão, durante o dia, já que é estimulante. Principalmente quem sofre de insônia ou ansiedade, deve evitar o mate à noite.
Quem tem arritmia cardíaca também não pode exagerar, assim como as vítimas da osteoporose, pois há indícios de que a cafeína interfere na absorção de cálcio.
O chimarrão consumido pelos gaúchos merece atenção. Preparado com erva-mate e água bem quente, pode se transformar num vilão. O problema não é a erva, mas a temperatura elevada da água. Vários estudos relacionam o câncer de esôfago a este hábito dos gaúchos. O ideal é manter a bebida abaixo dos 50ºC.

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