quarta-feira, 11 de julho de 2018

O HIPOCONDRÍACO

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Em tempos de remédios falsificados e laboratórios sedentos de lucros exorbitantes, vale lembrar deste consumidor compulsivo que faz da bula Bíblia:

o hipocondríaco. Ele padece do mal de ter mania de doenças e adora tomar remédios. Ao passar à porta da farmácia não resiste e pergunta: "O que tem de novidade?".

Nada mais ofensivo ao hipocondríaco do que erguer um brinde e desejar-lhe "saúde!" Ele só frequenta coquetel de vitaminas. Encara sempre o interlocutor com aquele olhar de quem diz "ando sentindo coisas que você nem imagina". No telefone, faz voz de vítima. Cara a cara, suplica, saliente a compaixão do outro.

Está sempre entrando ou saindo de uma gripe; já tomou todas as vacinas; sofre da coluna; padece de insônia; e trata médico como faz com motorista de táxi: "Tá livre?"

O hipocondríaco entra na Justiça exigindo mandado de prisão contra os radicais livres e duvida que alguém possa imaginar o tamanho da enxaqueca que teve ontem. Enquanto outros fazem shopping, o prazer do hipocondríaco é visitar drogarias de vitaminas importadas. Ingere pela manhã o abecedário em drágeas e nunca se deita sem antes tomar um chá de ervas. Hipocondríaco não tem plano de saúde; prefere cota de cemitério. Gosta de se separar da família para morrer de saudades. E fica doente de raiva quando alguém diz que ele aparenta boa saúde.

O autêntico hipocondríaco carrega sempre uma dorzinha de lado, uma unha encravada, uma afta na boca, uma irritação na garganta, uma dor na coluna e umas tonturas estranhas.

Para o hipocondríaco, esposo ou esposa ideal é a que banca o enfermeiro; cadeira confortável é a de rodas; e cama macia, a de hospital. O hipocondríaco é a única pessoa que, pelo som, distingue sirene de ambulância da de viatura de polícia e de bombeiro. O guru do hipocondríaco é Hipócrates, e sua filosofia se resume nesta questão metafisica: "Se a gente nasce deitado e morre deitado, por que não viver deitado?" .

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