quarta-feira, 25 de julho de 2018

NÃO CREIO.

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É estranho pensar que a morte possa ajudar a humanidade a ampliar as fronteiras da vida.

Não deveria ser estranho, pelo menos para nós, cristãos. É disso que trata o mistério da nossa fé.

Mas, já vou avisando. Não me coloque na lista daqueles que acreditam que Jesus já nasceu com um carimbo de ‘condenado’ na testa, que veio para morrer crucificado cumprindo a vontade do Pai. Não creio num pai que planeje isso para o seu filho.

O Cristianismo nasce no ambiente judaico, que é uma Religião, como outras, de imolação, holocausto e sacrifício. Herdou e ampliou essa ideia, através da qual Jesus é o Cordeiro de Deus que assume sobre si os pecados e culpas do mundo.

Perdoem se cheira a heresia, mas acredito que Jesus veio nos dar sua vida, não sua morte. “Eu vim para que tenham vida... para que a minha alegria esteja em vocês...”.
A minha fé é alegre, apesar de tanta tristeza que nos assola e sufoca.

A prisão de Lula sem provas e a libertação de bandidos confessos, no final podem até ser bom:

Pode fazer nascer indignação onde há conformismo e desânimo.

Fazer nascer mobilização onde há acomodação e apatia.

Fazer nascer um grito de protesto e luta onde há silêncio e medo.

Fazer nascer verdade e justiça, onde há mentira, manipulação, hipocrisia.

Fazer nascer vida onde, hoje, há tanta morte.

Pode ser um bom momento para afirmarmos uma imensa e restauradora verdade. Do túmulo aberto não renascerá um cristo-deus no qual já não creio.

Como me ensinou Frei Betto, “não creio no Deus dos magistrados, nem no Deus dos generais, ou das orações patrióticas.

Não creio no Deus dos hinos fúnebres, nem no Deus das salas de audiências, ou dos prólogos das constituições ou dos epílogos dos discursos eloquentes.

Não creio no Deus da sorte dos ricos, nem no Deus do medo dos opulentos, ou da alegria dos que roubam do povo.

Não creio no Deus da paz mentirosa, nem no Deus da justiça impopular, ou das venerandas tradições na­cionais.

Não creio no Deus dos sermões vazios, nem no Deus das saudações protocolares, ou dos matrimônios sem amor.

Não creio no Deus construído à imagem e semelhança dos poderosos, nem no Deus inventado para sedativo das misérias e sofrimentos dos pobres.

Não creio no Deus que dorme nas paredes ou se esconde no cofre das igrejas. Não creio no Deus dos natais comerciais nem no Deus das propagandas coloridas. Não creio no Deus feito de mentiras, tão frágil como o barro, nem no Deus da ordem estabelecida sobre a desordem consentida.

O Deus da minha fé nasceu numa gruta. Era judeu, foi perseguido por um rei estrangeiro, e caminhava errante pela Palestina. Fazia-se acompanhar por gente do povo; dava pão aos que tinham fome; luz aos que viviam nas trevas; liberdade aos que jaziam acorrentados; paz aos que suplicavam por justiça.

O Deus da minha fé punha o homem acima da lei e o amor no lugar das velhas tradições.

Ele não tinha uma pedra onde recostar a cabeça e confundia-se entre os pobres...

O Deus da minha fé não é outro senão o Filho de Maria, Jesus de Nazaré.

Todos os dias ele morre crucificado pelo nosso egoísmo.

Todos os dias ele ressuscita pela força do nosso amor.

Tentaram silenciar sua voz.

Mas sua vida vive, em nós!

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