quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

FAZER BROTAR AS SEMENTES DA ESPERANÇA E DO AMOR;

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Em alguns períodos, durante o verão, é comum, de uma hora para outra, acontecer uma forte chuvarada. Em seguida, muitas vezes, o sol reaparece. Seguidamente recordo um ritual da minha mãe: no dia seguinte, após uma chuvarada naqueles dias quentes, ela se dirigia até às plantações para observar o crescimento das plantas, cuja as sementes ela mesma havia lançado à terra. Ela gostava de ver o verde vicejante das plantinhas que ‘saudavam’ a chegada da chuva, portadora de um novo vigor. A conjugação do calor com a água derramada pelas nuvens provocava o rápido desenvolvimento das culturas, tornando mais evidente a promessa de uma boa colheita. Minha mãe amava a terra e nunca perdeu o contato com as lidas do interior. Perseguia as ervas daninhas, tendo como parceira uma surrada enxada.

A chuva renova a face da terra, garante o precioso líquido que sacia a sede. Após o banho, oferece novo ânimo ao corpo cansado. Onde está a água, está o milagre da vida. Pensando bem, o processo de formação da chuva é muito interessante. Aprecio ver a chuva caindo. Na infância, gostava de dormir próximo de um telhado de zinco, só para ouvir a sonoridade das insistentes gotas que caiam do céu. Dava a impressão de que o sono tinha outro embalo. São tantas lembranças de um tempo que não volta, cenas que não perdem o colorido, que jamais conhecerão o que significa desbotar. A vida acontece no hoje, mas ela é feita de muitos pedacinhos que nos remetem ao ontem. E quanto mais anos são somados, mais recordações acompanham os passos, rumo à eternidade.

Fiquei pensando nas fortes chuvas de outros verões: pegavam todos desprevenidos, mas eram passageiras. Algumas pessoas precisariam, de tempos em tempos, tomar um bom banho de ‘chuva’. Não falo de uma enorme quantidade de gotas de água, mas de uma chuvarada de otimismo, um banho de humildade, uma boa molhada de bondade. Tem gente ressecada pela indiferença e pela ganância, ao ponto de desconhecer totalmente os benefícios da solidariedade. Tomara que a água da chuva leve embora a vingança, os desentendimentos familiares, as fofocas que tanto machucam, a infidelidade que tantos estragos faz à felicidade. Uma chuva de humanismo faria germinar outras sementes, para garantir outras colheitas. Continuarei gostando do harmonioso ruído da chuva no telhado de zinco, mas torço para que outras chuvaradas façam germinar e crescer a semente da esperança e do amor.

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