sábado, 20 de janeiro de 2018

UMA FLOR NO BANCO

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A tarde estava nublada, porém, intercalava-se uma fina chuva com tímidos raios de sol. Entre outras atividades, no centro da cidade, eu deveria entregar um documento a um amigo e visitar uma senhora idosa, que se encontrava hospitalizada.

Como em todos os municípios com grande fluxo de pessoas e carros, foi difícil encontrar um local para estacionar. Lembrei do estacionamento do João, bem próximo do hospital. A acolhida foi maravilhosa. Ele está sempre alegre, além de ser extremamente solícito e ágil.

Demorei um pouco para retornar. Lá estava o João, sorridente e amável. Entregou-me a chave e já foi dizendo que era brinde de ano novo. Após o agradecimento e afetuoso abraço, entrei no carro. Para minha surpresa, no banco do passageiro estava uma planta florida de antúrio. Era um presente do João e da sua mãe. Naquele momento, faltaram palavras. Depois de agradecer sorridentemente disse-lhe: ‘colocarei essa linda flor em nossa minha sala. Diariamente as preces subirão aos céus.’

Continuei meu percurso recordando daquela maravilhosa surpresa: encontrar uma flor no banco do passageiro. Há pessoas realmente criativas. Normalmente são pessoas simples, alegres, que gostam de ver os outros felizes e que sempre vão além das palavras. Jamais esquecerei daquele lugar e do protagonista de tão profunda alegria.

Vivemos num tempo onde as surpresas são cada vez mais escassas. Pequenos gestos poderiam encantar a própria vida e a dos outros, mas a desculpa é a falta de tempo. As pessoas não precisam de muitas coisas, mas de atitudes afáveis que brotam de corações que sabem viver harmoniosamente.

Há um verdadeiro anseio por um novo tempo. Mudanças estruturais são urgentes, pois nenhuma mesa pode ficar sem pão. Mas há outra transformação necessária: reinventar o coração humano. Há tempo a ternura e a gentileza deixaram de frequentar o cotidiano. O amor continua não exigindo nada em troca, pois sua especificidade é simplesmente amar.

No entanto, muitos só fazem o que garante retorno. Nem todos têm condições de surpreender, colocando um vaso de flores no assento do passageiro. Mas todos podem sorrir, cumprimentar, elogiar, abraçar. Nos dias nublados, o sol não deixa de brilhar. Há pessoas que brilham sempre. É tão bom conviver com gente do bem. O João me ensinou também quando devo regar a flor. Vou regar o antúrio e essa bela amizade.
  

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