sábado, 27 de janeiro de 2018

SENTIMENTOS



Ninguém tem dúvidas de que estamos num mundo marcado por mudanças. As transformações são rápidas, a velocidade perpassa todos os espaços, o futuro está sendo redesenhado a todo instante. Pensando bem, vivemos em dois mundos: o mundo material e o virtual. Até mesmo aqueles que não tiveram nenhuma iniciação, são obrigados a conhecer e a lidar com a tecnologia da informação. Os meios estão cada vez mais sofisticados, substituindo tarefas manuais e ampliando, de forma ilimitada, o contato com tudo e com todos. Algumas pessoas estão assustadas, outras fascinadas. Ainda bem que existe a possibilidade de permanecer num meio termo. Ninguém pode abandonar completamente o mundo materializado, os pés continuarão pisando firme o chão da existência. Por outro lado, é impossível ficar alheio ou distante do que se passa no mundo virtual.

Numa recente feira americana de tendências no campo da inteligência artificial, os visitantes puderam ter uma amostra das invenções que estão por chegar. As geladeiras terão dispositivos, junto à porta, que indicarão a quantidade de açúcar que já foi consumida, o percentual de alimentos com sal que foram ingeridos. A geladeira alertará o que faz bem ou não à saúde. As lojas terão microcâmaras que detectarão possíveis gostos pessoais, bem como um breve apanhado do humor do cliente: se ele está alegre ou triste. As novidades são incontáveis. O estado emocional praticamente passará por um ‘leitor ótico’ e quem estiver do outro lado do balcão oferecerá algum produto para transformar a tristeza em alegria.

Porém, a quantidade de invenções jamais será capaz de auscultar o que realmente se passa no coração humano. A tentativa de criar mecanismos que se assemelhem à inteligência humana é até louvável, mas nada se iguala ao sentimento que cada um carrega consigo. Cada pessoa é única e portadora de um mistério insondável. Somente o ser humano será capaz de dizer, com palavras e atitudes, a sonora e tocante expressão: ‘eu te amo’. Depois das geladeiras que avisam a quantidade de açúcar e de sal que foi ingerida, das câmaras que tentam ‘ler’ o estado de ânimo, virão outros dispositivos e equipamentos. O mundo virtual anda em faixa própria. Certamente as invenções poderão qualificar a vida, mas jamais serão capazes de substituir a necessidade de amar e ser amado. Lembrei da geladeira azul, que acompanhou quase toda a minha infância e de meus irmãs. Ela teria muita história para contar, mas não aprendeu a falar. Como é bom guardar lembranças e expressar sentimentos. A vida jamais será artificial, pois é capaz de vivenciar e armazenar os melhores sentimentos.

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