segunda-feira, 27 de março de 2017

O AMOR PELA VIDA DO OUTRO.

“A vida é uma dádiva de Deus”! No entanto, entender a vida como um presente demanda uma opção - cuidar dela. No mundo atual em que o sistema produz milhões de vítimas em situação de miséria absoluta, cuidar da vida implica combater os meios de exclusão social.

A vida não é um presente que com o passar dos tempos deixa-se de lado esquecido numa gaveta. Amar também não é algo abstrato. Vida e amor não se expressam por conteúdos, em palavras abstratas sem o real contexto das pessoas. Vida e amor necessitam do conhecimento das situações dos contextos sociais. Logo, vida e amor são fecundados em determinadas realidades. No atual sistema econômico neoliberal, em que países desenvolvidos dominam e exploram as nações subdesenvolvidas, os pobres vivem para financiar com suas vidas os mais ricos e poderosos. Viver neste sistema justifica inclusive ódio entre as pessoas e as nações. Consequentemente, para alguns a vida passa a ser uma insatisfação total. Em contextos desfavoráveis justifica-se até mesmo o ato de rejeitar a vida.

Ninguém pode viver a vida sem o mínimo de amor. Quem não se sente amado pelos seres humanos e oportunizado pelo sistema, não pode ficar mendigando outra condição que talvez nunca chegue a ficar saciado por inteiro. A qualidade de vida não pode chegar somente aos privilegiados pelas condições econômicas. O atual sistema econômico não pode garantir um futuro de possibilidade real de paz e harmonia à humanidade ao ser conduzido pela ganância, o poderio militar e a vontade voraz do mercado enquanto a maioria dos marginalizados vive sem as mínimas condições de qualidade de vida.

Assim como Santo Agostinho dizia que o Império Romano era uma imensa empresa de bandidos, o atual sistema continua suas conquistas pelo mercado que explora, empobrece, rouba e mata em nome do livre comércio. No declínio econômico, poderosos se tornaram mais ricos ao preço da morte, ódio e guerras entre as nações. Os chefes dos Estados podem propor políticas de mudanças, mas continuarem a silenciar e aderir ao sistema em crise privilegia aqueles que roubam a vida de milhões de pessoas. Enquanto as autoridades mundiais fazem longos discursos como no Fórum Econômico Mundial, em Davos, ocultam a realidade injusta e justificam que haverá mais ódio, guerras e morte em prol da salvação do sistema. Logo, ao reunir-se para pensar um sistema que favoreça alguns acionistas coloca em risco o futuro e as condições do planeta, e, consequentemente, o amor pela vida do outro.

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