domingo, 26 de fevereiro de 2017

NAQUELE DIA EU NASCI

Achei que estava vivo, andava, respirava, me alimentava, dormia e, acima de tudo, respeitava as regras dos outros; acatava tudo e obedecia a todos, considerava-os excessivamente mais importantes do que eu mesma. Minhas opiniões e minhas regras passavam pelo endereço dos outros, além do que podia absorver como construção emocional. Todas as regras ecoavam como voz do outro, ou será que era a minha?

Não me sentia em condições de pensar, direcionar meus sonhos ou ter o poder de ter opinião. Não tinha voz e, consequentemente, nem direção própria. Incluía-me nas regras dos outros, e assumia a direção que os outros consideravam adequada para mim. Perambulava pela vida: ia para qualquer lugar e qualquer caminho servia.

Como marionete ensaiava movimentos de ter meus próprios conceitos, de achar a minha direção, para apenas espelhar-me nos outros, não absorvê-los.

Até que naquele dia, um dia qualquer de primavera, resolvi olhar para mim e para a minha vida e nasci por mim mesmo, de dentro para fora, com a força de movimentos pensados e emocionalmente ensaiados por longo tempo. Vivenciava as perturbações, contradições e dificuldades que aquele momento mantinha. O endereço do outro é bom para me oferecer colo, não para estacionar.

Minha jornada teve início quando resolvi olhar-me intimamente, procurei meu próprio lugar dentro de mim. Achei, através do endereço do outro meu próprio lugar; encontrei uma nova direção!

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