sábado, 4 de fevereiro de 2017

ENTRE O PRIMEIRO E O ULTIMO PASSO

Num dia desses dediquei um tempo para ouvir os detalhados relatos de uma avó encantada com os primeiros passos do netinho. A chegada dessa criança simplesmente transformou a vida familiar. Um ano depois, o menino ensaiou os passos iniciais. Alguns tombos também se sucederam. Entre levanta e cai, o aprendizado deu-se num processo crescente. Tudo foi registrado, através de fotos e vídeos. A tecnologia possibilita que sejam captados ângulos e cenas que não se perderão no tempo. A alegria da avó me contagiou e, ao mesmo tempo, me transportou para além do espaço onde nos encontrávamos naquele momento.

Na minha infância não havia tantos meios para registrar possíveis cenas dos primeiros passos. Com certeza as quedas foram incontáveis, mas o desejo de prosseguir em busca da autonomia do deslocamento e dos movimentos sempre foi maior do que os próprios tombos. Entre outros pensamentos, veio em mente principalmente a paciência da mãe no incentivo e no reerguimento. As mães não cansam, quando se trata de observar e atender o desenvolvimento de um filho. Cada passinho é uma vitória no coração familiar. O ser humano depende do aprendizado para dar conta da própria existência.

Os anos vão sendo somados e muitos passos são dados, levando para diferentes direções. Não é suficiente saber andar. As escolhas confirmam a validade ou não dos caminhos percorridos. Além de apoiar nos passos iniciais, a família é capaz de mostrar alguns itinerários que devem ser evitados. Muitos percorrem extensões que em nada ajudam, quando se trata de buscar a realização. A felicidade é uma construção que deve estar no compasso de todos os caminhantes. Ninguém está privado de ser feliz. Algumas decisões, no entanto, podem afastar do insistente e profundo desejo de felicidade.

O sorriso no semblante da avó, ao mostrar as façanhas do neto, pode servir de inspiração: a vida é cheia de detalhes. Onde há amor, as emoções acabam tendo formato, tonalidade e naturalmente espontaneidade. Nada é em vão: o primeiro passo, a descoberta do primeiro dente, o balbuciar das primeiras palavras. A vida é, sem dúvida, um dom maravilhoso. O encantamento diante das descobertas de uma criança deveria continuar nas outras fases da vida. Viver é o que existe de melhor. Entre o primeiro e o último passo, as surpresas são muitas e a alegria sempre apontará para o infinito.

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