terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

A VOLTA AO PÓ

O ser humano necessita de símbolos e sinais. Os diferentes momentos da vida são solenizados com rituais. O sentimento é de elevação, de eliminação da distância entre o céu e a terra. Um momento especial é a Quarta-Feira de Cinzas.
Nos bastidores, com antecedência, os ramos abençoados de oliveira são queimados e a cinza é peneirada para, depois, assinalar a testa dos cristãos, no início da Quaresma. Algo muito simples, mas milenar. As palavras proferidas, no instante da imposição das cinzas, recordam que viemos do pó e ao pó retornaremos. Quando escutamos e não refletimos, quase nos assustamos. Mas é algo simples e verdadeiramente profundo: um dia retornaremos ao pó.

As cinzas à testa convidam à humildade, no contínuo abandono do orgulho e da autossuficiência. Recordar que a vida passa, não deve ser motivo de angústia e tristeza. Pelo contrário, até chegar ao pó, há um longo caminho que aguarda por significado. O término não compromete o entusiasmo, quando os motivos que fazem viver não são deixados no esquecimento. Todos serão pó, um dia. Mas todos podem, no decorrer dos dias, viver de tal forma, ao ponto de tornar o pó relativo.

O bem realizado não é consumido pelas chamas, o amor dedicado não perece com o fogo que arde. As cinzas, no início desse período de 40 dias que antecedem a Páscoa, não deixam de ser um instigante convite à autenticidade e à vivência intensa da caridade. Que o ódio e a vingança se transformem em pó para deixar expandir a espiritualidade e o amor. Um coração novo para um novo tempo. Abençoada Quaresma!

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