quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

VOCÊ!

Desde 1927 a revista Time escolhe anualmente o “Homem do Ano”. A iniciativa nasceu dos editores para “escrever algo em semana de poucas notícias”. Em 2006, o escolhido não foi nenhuma personalidade famosa, mas você. Você foi o “Homem do Ano”. Lógico, a escolha tem um significado positivo para a coletividade anônima, e maior para a Time.

Convenhamos que a iniciativa da Time visa à preocupação de aumentar sua participação e influência em termos de informação e notícia. Logo, eleger o “Homem do Ano” vende anúncios e exemplares da revista. Com isso a revista amplia sua influência na formação da opinião pública. Contudo, após duras críticas da opinião pública, em 1999 a revista alterou o título do “Homem do Ano” para “Pessoa do Ano”, na intenção de evitar conflitos de gênero, sexismo, etc. Até então, somente quatro mulheres ganharam o título "Homem do Ano": Corazon Aquino em 1986, Rainha Elizabeth II em 1952, Soong Mei-ling (Madame Chiang Kai-shek) em 1937 e Wallis Simpson em 1936. As únicas mulheres a ganharem o prêmio após a mudança foram as que denunciaram as práticas ilegais das empresas de trabalho em 2002, Cynthia Cooper da Worldcom, Sherron Watkins da Enron e Coleen Rowley do FBI.

De grande influência social, ao propor a premiação “Pessoa do Ano” a revista Time também alavanca seus negócios midiáticos através dos usuários que contribuem para o desenvolvimento do mundo virtual, como quem acessa portais como Wikipédia, Facebook, Youtube e MySpace. Em razão disto, em 2006 elegeu você a “Pessoa do Ano”, em inglês You. A premiação referia-se aos milhões de anônimos usuários da internet. No ano anterior, a Time elegeu o fundador da Microsoft, Bill Gates, e sua esposa, Melinda, pelo crescimento e influência dos conteúdos online gerados pelos usuários em blogs ou sites como YouTube, MySpace e Wikipédia. Somente em 2005, o portal mais popular, o YouTube, recebeu cerca de cem milhões de visualizações diárias. Há dez anos, em 2006, o YouTube foi comprado pelo Google. É lógico que a escolha vai além do Você, mas na intenção de fundar e estruturar a nova democracia digital.

Sendo assim, homenagear os anônimos vencedores chamados de Você não foi por falta de notícias a serem divulgadas, mas pelo retorno econômico e pela influência na informação gerada em cada acesso em algum portal virtual. Quanto maior o número de acessos a um portal virtual maiores são as influências na informação, notícias e setor comercial. Eleger o coletivo como "Pessoa do Ano" é almejar a maior influência de informação em nível mundial. Em suma, você foi o escolhido enquanto acessar algum portal de internet. Contudo, você é mais do que uma conexão ou um internauta. É mais que digital. Afinal, não é o Wi-Fi que conduz a vida humana, e sim outras dimensões e valores imprescindíveis.

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