terça-feira, 13 de janeiro de 2015

UM GRANDE AMOR TEM UM POUCO DE DIVINDADE E MUITO DE TEMPO.

No meio do oceano existia uma ilha onde moravam todos os sentimentos: alegria, tristeza, amor... Um dia souberam que a ilha seria inundada pelas águas. Todos os sentimentos apressaram-se a fugir com seus barcos. Mas o amor – sem muita noção do tempo - resolveu ficar mais um pouco para melhor contemplá-la, antes de desaparecer.
Quase inundada a ilha, o amor começou a pedir socorro. O primeiro pedido foi feito ao barco da riqueza. A resposta foi negativa: não posso, carrego muito ouro e prata, não há lugar para você. O amor continuou pedindo ajuda, agora à vaidade: não posso ajudá-lo, você está todo molhado e poderia sujar e estragar meu barco. A tristeza também recusou o pedido do amor, alegando que estava muito deprimida, preferia ir sozinha. As chances diminuíam e o barco da alegria estava muito cheio – por causa da euforia e do barulho – e não escutou o pedido. Desesperado, o amor começou a chorar quando uma voz o chamou: venha, amor, eu levo você no meu barco. Era um velhinho e o amor ficou tão feliz que esqueceu de perguntar-lhe o nome. Já na margem, o amor perguntou à sabedoria: quem era aquele bom velhinho que me trouxe em seu barco? Foi o tempo, afirmou a sabedoria, e completando a resposta garantiu: só o tempo é capaz de ajudar a entender um grande amor.
Vivemos hoje o tempo da pressa, da velocidade e do barulho. Para ganhar tempo, a sociedade de consumo oferece coisas pré-fabricadas e instantâneas. Você vai a uma loja e compra o que precisa num instante. Em poucos minutos, a dona de casa prepara uma refeição, um financiamento é obtido e um objeto qualquer é adquirido via Internet. Em poucas horas é feita uma viagem que, no passado, demorava uma semana. Além disso, existem coisas virtuais, especialmente amigos e amigas virtuais.
Ninguém tem tempo de esperar e a vida é sacudida por mil sentimentos, quase sempre, na superficialidade. Aí surge o amor à primeira vista, o amor instantâneo, um sentimento misturado com mil outros sentimentos, por vezes, contraditórios. Nós nos amamos e isto basta, é o dogma de muitos jovens. E o amor eterno pode acabar em meses.
A sabedoria antiga explicava que, para conhecer uma pessoa, era necessário antes comer com ela um saco de sal. Era o sal do cotidiano e do tempo. O Evangelho lembra: sobre a areia, é possível construir rapidamente uma casa. E com a mesma velocidade que é construída, ela desaba. Deus é amor e o amor verdadeiro tem um pouco da divindade, mas tem muito do tempo. Um carvalho leva 80 anos para a maturidade, uma abóbora está pronta em 30 dias... Um grande amor tem tudo a ver com o tempo.

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