sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

É IMPORTANTE SABER O QUE ACONTECEU NO PASSADO.

Um dos mais misteriosos do mundo, o deserto de Mojave situa-se ao sul do Estado da Califórnia. O nome lembra um dos poucos répteis que consegue viver em seu território, a cobra mojave, uma espécie de cascavel. Com 57 mil quilômetros quadrados, sua área é coberta de antigos lagos e rios, hoje reduzidos a salinas. É também o cemitério dos aviões antigos e fora de uso. Merecem ainda uma citação as cidades fantasmas, que assinalam antigas minas de ouro. O vento carregado de areia brinca de sepultar as cidades e fazê-las ressurgir. Tudo isso justifica a denominação de Vale da Morte.
Contrariando o deserto, as florestas se revestem de um incrível dinamismo, com a vida se renovando constantemente. Velhas árvores tombam, cedendo lugar a outras. Por vezes, ao pé de um tronco secular, surge um vigoroso rebento que perpetuará a espécie. Nos nodosos galhos aninham-se orquídeas, musgos e um sem-número de vegetais. Em meio a discretos perfumes, o vento difunde o canto das aves e espalha sementes para o amanhã. Contrapondo-se ao deserto, a floresta pode ser considerada o Vale da Vida.
Os dois quadros iluminam a vida das pessoas e das instituições. E isso nos dois sentidos: positivo e negativo. Há velhas cidades fantasmas, transformadas em museus sem vida e sem esperança. Tudo já aconteceu. O vento conta a história de um passado que pode ter sido bonito, mas que findou. Mas há também florestas densas, com alguma desordem, mas cheias de vida e de possibilidades. Karl Marx garantia que a história não se repete, a não ser à maneira de comédia. Pessoas e instituições caminham com o olho no espelho retrovisor. É necessário saber o que aconteceu no passado, mas com o objetivo de continuá-lo.
Deus ainda não acabou a obra da criação do mundo. Ele confiou ao homem e à mulher a tarefa de continuar sua obra. Na pesquisa, na obra de arte ou numa revolução surge o novo. A criação ainda não terminou. Em cada parto, real ou simbólico, acontece a maravilhosa festa do novo. A vida só pode ser entendida olhando para trás, mas só pode ser continuada olhando para frente. Um pouco do passado sempre se faz necessário, mas para fugir à mesmice é necessário colocar o fermento do novo. No meu tempo não era assim, protestam alguns. O meu tempo é agora, esclarecem outros. Sem o passado o mundo seria imaturo e ingênuo. Mas sem o futuro, a humanidade seria condenada a ser uma cidade fantasma. Olhar para trás é interessante, olhar para frente é necessário. É a lição da floresta secular, mas que aposta no futuro. A melhor parte da vida é a que está pela frente.

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