domingo, 25 de janeiro de 2015

SABIO É QUEM NÃO SE DEIXA ILUDIR.

A esperança foge aos cálculos; vai além dos conceitos; não se aprisiona com decretos e nem se consegue medir com aparelhos. Algumas observações ajudam a situar quem tem esperança e quem está desesperado, quem cultiva a esperança e quem se deixa envolver pela indiferença.
O que é mesmo a esperança? De maneira simples e compreensível podemos dizer que a esperança é uma virtude humana que se apoia no desejo de um bem futuro e, atentamente, se volta para alcançá-lo. Essa virtude vai além do humano e se torna eapecial quando nos envolve vivamente no “já” e no “ainda não” do Reino de Deus.
Somente o ser humano pode viver e ter esperança! Nem os animais, nem os vegetais e menos ainda os minerais têm esperança. A esperança está tão dentro da vida humana que, por mais reprimida que seja, sempre faz despontar um raio de luz nas piores tempestades e sombras da vida.
O nosso viver como gente não acontece todo num instante, como quem diz: “Já estou pronto; alcancei tudo; conquistei todos os meus sonhos!”. O nosso agora sempre é seguido do ainda não. Por este motivo, a esperança é essencial para o viver humano. É claro que não podemos esconder a tentação que nos perturba, de querer resolver tudo de uma vez, de imaginar tudo feito, de achar que nossas seguranças humanas nos queriam acomodar.
É sintomática aquela parábola que o Cristo contou do homem rico insensato em Lucas. A colheita foi tão grande que ele mandou desmanchar os antigos celeiros e construir tudo novo, confirmando a si mesmo ter alcançado todas as esperanças. “Descansa, come, bebe e goza a vida!” De imediato Deus lhe disse: “Tolo! Ainda nesta noite tua vida será tirada. E para quem ficará o que acumulaste?”
Um instante na vida não é o todo da vida, por mais realizado que pareça. O risco de se iludir com a fartura do momento não é estranho a ninguém. Sábio é quem não se deixa iludir e se abre aos instantes da vida para as mais inesperadas surpresas. A força salutar da esperança sempre nos coloca a caminho, com a certeza do ‘melhor’ que está por vir, do encontro ‘maior’ que pressentimos e do ‘mais’ que desejamos.
Viver é ir entrando no futuro, movidos pela esperança. Esta não nos vacina contra o medo que precisa ser superado, pois o medo pode nos paralisar diante do caminho desconhecido. O medo é inimigo da esperança porque impede a pessoa de ir adiante e desenvolver sua capacidade criadora e dinâmica.
Há um falso conceito de esperança que apenas acha contentar a pessoa com a espera, numa atitude passiva e indiferente. Esta falsa ideia priva as pessoas dos sonhos e vai matando o entusiasmo e a criatividade.
Mais do que clarear conceitos de esperança, sempre é bom lembrar que esta vai definindo os traços de seu rosto nas pessoas que a cultivam. E quem de nós não gosta de viver com pessoas de esperança? A esperança vivida se torna contagiante e o contágio torna fecunda a esperança, ajudando a concretizar uma nova história.

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