segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

PARE E OLHE A CRIAÇÃO!

Por sermos humanos, provamos todos os dias que a nossa vida acontece entrelaçada com a criação no seu todo. Somos e estamos vinculados com todas as coisas que nos rodeiam. O mundo criado participa do conjunto de nossas humanas relações indispensáveis ao nosso viver. Desde o ar que respiramos, a mãe terra onde habitamos e por onde andamos, o alimento que nos sustenta, a água e o fogo.
Nosso viver neste mundo sempre corre o risco de se tornar apressado e distraído. Neste ritmo não é difícil nos envolver no círculo vicioso do desencanto e da depredação. Dizem alguns pensadores que, atualmente, as pessoas vagueiam pelo mundo como se estivessem fora de casa. É tão forte a onda de um progresso injusto que achamos normal a velha lei dos acomodados: “Deixar como está, para ver como fica!”
Há alguns anos estive em Belo Horizonte.Na viagem do aeroporto até o hotel, algo me chamou atenção: em muitos carros coincidia uma inscrição que dizia: “Olhe para as montanhas!” A princípio achei que era um convite ao encantamento. Logo procurei me informar a respeito da inscrição e certifiquei-me que era um clamor angustiante.
“Olhe para as montanhas!” não era um convite de admiração, mas um grito de compaixão diante da natureza agredida pelos mineradores. A voracidade diante de uma riqueza que o Criador presenteou aos humanos estava se tornando o cenário de uma impiedosa ganância, sem critérios e sem cuidados em vista do futuro.
Quem transita na rodovia que une São Leopoldo a Porto Alegre, nas proximidades do rio dos Sinos deve ter observado um sinal clamoroso e curioso. Lá se plantou uma cruz com um grande peixe fixado. Mais do que um protesto, vê-se a dor dos pobres e a denúncia simbólica a quem jogou veneno nas águas, matando um número incalculável de peixes. “Olhe para os peixes mortos!”
Cenas como essas, e outras muito piores, se multiplicam em todos os recantos do mundo envolvendo montanhas e peixes, rios e bosques, animais e humanos e todas as espécies, diante das quais, “Deus viu que tudo era bom”. Dores de parto da criação não parecem diminuir. O que podemos fazer e como reagir a tanta fúria devastadora?
Creio que uma sugestão simples, ao alcance de todos poderá contribuir: “Olhe para a Criação!” Olhar para a criação é deixar de ser como o elefante no jardim que pisoteia sem dó nem piedade. Necessitamos resgatar o olhar do encantamento que brota da sintonia de um olhar original daquele que criou o mundo e o colocou a serviço da vida.

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