segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

NA MEDIDA QUE PRECISAMOS.


Um santo monge, durante a oração, adormeceu. E sonhou que estava diante do céu e as portas se abriram, deixando-o entrar. Mesmo espantado e cheio de encantamento, o monge deu-se conta de três surpresas. A primeira delas: muitas pessoas que, no seu entender, não estariam no paraíso, lá estavam. Uma segunda surpresa: pessoas que ele imaginava que estivessem no paraíso, efetivamente lá estavam, mas com menos glória e prestígio do que supusera. Por fim, a maior de todas as surpresas: ele também estava no céu.
Uma das recomendações mais repetidas do Evangelho: não julgueis. Não julgar é um ato de sabedoria, pois quase nada sabemos dos outros. Mais: julgamos pelas aparências. Também julgamos a partir de nossos defeitos. Na parábola do trigo e do joio Jesus nos mostra a possibilidade do engano. Trigo e joio são muito parecidos. A diferença só pode ser notada na colheita. Contrariamente ao que acontece na lavoura, a vida pode mudar. O trigo jamais poderá se tornar joio, o joio jamais se tornará trigo. Mas as criaturas, redimidas por Deus, podem mudar a cada instante. Podem mudar até o último instante.
Nós somos salvos pela ação de Deus. O máximo que podemos apresentar a Ele é a nossa boa vontade. E Deus age em nós, também a partir de nossas falhas. Um velho ferreiro, que amava profundamente a Deus, foi atingido por uma doença. À semelhança da história de Jó, apareceu um amigo para observar: como você pode confiar tanto em Deus, que lhe manda tanto sofrimento? O ferreiro explicou: quando quero fazer uma ferramenta, busco no depósito um pedaço de ferro. Ele passa pelo fogo, depois pela bigorna, se amolda e se torna um objeto útil. Se ele não se tornar um objeto útil, jogo-o na sucata das coisas inúteis.
São Paulo afirma: tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deu. Mesmo pequeno, nosso amor encanta a Deus. E Ele tudo faz para nossa felicidade. Muitas vezes, ela brota do sofrimento. De resto, mais do que amar a Deus, devemos deixar que Ele nos ame. E Deus não nos ama na medida que merecemos, mas nos ama na medida que precisamos. Quanto mais longe imaginamos estar, mais perto estamos. É o pastor que busca a ovelha perdida, até encontrá-la.
À semelhança do monge, São Paulo teve uma visão do céu. Depois explicou: os olhos jamais viram, os ouvidos jamais escutaram, o coração jamais sentiu o que Deus prepara aos seus. O céu pode ser definido como as Surpresas de Deus, reservadas para nós.

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