quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A GRAVATA.

O uso da gravata é um costume antigo, já presente nas civilizações egípcia e chinesa. Foi popularizada na Europa pelo rei Luiz XIV quando contratou soldados mercenários da Croácia na Guerra dos 30 anos (1618-1648). Eles usavam panos coloridos ao redor do pescoço. O rei e as elites se encantaram e a moda pegou. Em alusão aos guerreiros, a peça foi denominada “croata” tornando-se símbolo de bom gosto e nobreza.
A tradicional gravata, em cores e formatos diversos, chegou até nós, como símbolo de sucesso e respeitabilidade. Mas a aparência nem sempre é justificada pela vida dos seus usuários. Existe até a expressão: os crimes dos colarinhos brancos. São os poderosos que, partindo da situação e dos privilégios de classe, cometem crimes quase nunca punidos. Enquanto o pobre – colarinho puído e sujo – é condenado pelo roubo de uma galinha, o colarinho branco conta com recursos para contornar a lei. Isso não é de hoje. Já o filósofo grego Diógenes garantia que os ladrões grandes enforcavam os pequenos.
A dignidade da pessoa não provém da roupa, mesmo admitindo-se que o asseio é algo que deve merecer o cuidado de todos. A conversão de Francisco de Assis teve seu momento culminante na hora que, diante do bispo da cidade, entregou ao pai suas preciosas roupas. A partir daí fez um tosco vestido com pano de sacos. Nem por isso perdeu a dignidade.
Há uma diferença muito grande entre o rótulo e o conteúdo. Há uma diferença muito grande entre a aparência e a realidade. Nas prateleiras, por vezes, colocam-se vasos cheios e o rótulo diferencia uns dos outros. Mas é possível o engano. O rótulo pode falar em açúcar e o conteúdo ser sal. Ou não ter conteúdo algum. No Evangelho, Jesus fulmina os hipócritas fariseus e doutores da lei, comparando-os a sepulcros, bonitos por fora, mas cheios de podridão. Diante de Deus, não adiantará apresentar mãos limpas, mas vazias. As mãos dos que trabalham e servem sempre serão limpas. Eles possuem fichas limpas, o que nem sempre acontece com os colarinhos brancos.

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