quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A AURORA FATALMENTE CHEGARÁ.

Nem sempre a biografia dos heróis é completa. Quase sempre são festejados os triunfos e ignoradas as lutas, a incompreensão e mesmo o descrédito. Cristóvão Colombo não foi exceção. Considerado louco, sonhador e aventureiro, nem mesmo depois de seu êxito extraordinário teve os méritos reconhecidos. Os invejosos tentaram diminuir seu feito. Morreu pobre e caluniado. Só a história colocou-o no pedestal merecido.
Na primeira de suas quatro viagens, suas três pequenas naus – Santa Maria, Pinta e Nina – sofreram os embates das ondas e das tempestades. Depois de semanas navegando pelo mar desconhecido, cheios de medos reais e imaginários, cresceu o descontentamento entre os marujos. Eles imaginavam caminhar para a morte. O chefe do grupo, em noite de borrasca, interpelou Colombo: chefe, até quando seguiremos nesta teimosia e o que faremos quando tiverem morrido todas as esperanças? O experiente genovês respondeu: “Ao raiar do dia, vocês dirão: continuamos navegando, navegando, sempre navegando”. Alguns dias após, a 12 de outubro de 1492, avistaram a ilha das Caraíbas, nas Antilhas. O Novo Mundo fazia sua solene entrada na história da civilização ocidental.
A história humana não é feita pelos grandes sonhos, mas pelos que acreditam nos sonhos e comprometem-se a pagar o preço desses sonhos. Continuar caminhando, apesar de todas as dificuldades, é a marca dos heróis, gênios e santos. Continuar caminhando quando seria mais tentador e cômodo desistir é a marca das grandes personalidades. Ao abordar as epopeias portuguesas por mares desconhecidos, onde muitos morreram e outros fracassaram, o poeta Fernando Pessoa questiona: Valeu a pena? Ele mesmo responde: “Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”.
Quanto mais escura a noite, mais agradável é crer na aurora. Quanto mais longo o inverno, mais desejada a aurora. Quanto mais doloroso o Calvário, mais é preciso apostar na manhã da Páscoa. Quanto mais dura a luta, mais doce a vitória.
Ser otimista ou pessimista, muitas vezes, faz parte da estrutura da pessoa. O cristão não tem o direito de ser pessimista. Nem pessimista, nem ingênuo. O próprio Mestre alertou para as incríveis dificuldades que seus discípulos iriam enfrentar, mas sinalizou: “Eu estarei convosco, todos os dias, até o fim dos tempos”.  Esse otimismo invencível transparece nos dois Testamentos. A frase “não tenhais medo”, em suas variantes, aparece mais de 350 vezes na Bíblia. Isso convida o cristão a continuar navegando, navegando, sempre navegando. A noite mais escura esconde a aurora que, fatalmente, chegará.

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