quinta-feira, 4 de setembro de 2014

ANTES CHORAR POR NÃO CONSEGUIR DO QUE BAIXAR A CABEÇA POR NÃO TENTAR.

Um menino de seis anos decidiu preparar uma surpresa para seus pais. Num sábado, bem cedo, levantou em silêncio e foi para a cozinha. Prepararia panquecas para o café. Coisa bem simples, tanto mais que estava com a receita na mão. Como primeiro passo tirou do armário uma tigela e uma colher de madeira. Depois puxou uma cadeira, sem fazer barulho, para alcançar a lata de farinha. Era muito pesada e ele acabou derramando tudo no chão. Rapidamente apanhou a quantia que julgava necessária e colocou na tigela, acrescentando uma xícara de leite.

Havia farinha em toda a parte, mas ele achava que tudo estava indo regularmente. Subiu de novo na cadeira para apanhar uma dúzia de ovos. A grade resvalou e não sobrou um para contar a história. O menino ajuntou o que deu e colocou na tigela, misturando tudo. Outro problema estava pela frente: deveria colocar no forno ou no fogão? Não sabia ligar nem um, nem outro. Olhou para trás e, desolado, viu que o gatinho estava lambendo o conteúdo da tigela. Expulsou o animal, que deixou um rastro de leite, farinha e ovos. Ele mesmo se deu conta que seu pijama estava sujo.
Nesse momento, olhou para a porta e lá estava seu pai, parado. Assustado arregalou os olhos, sentiu uma vontade imensa de chorar. A cozinha estava na maior bagunça e certamente vinha bronca. Mas o pai foi ao seu encontro, tomou-o no colo e o beijou ternamente, não se importando que sua roupa também ficasse manchada de ovos e farinha.
Assim é como Deus age conosco. Ao longo da vida projetamos muitas coisas e, por vezes, nada dá certo. Culpados, abaixamos os olhos, convencidos de nossa inutilidade. A melhor solução é desistir e fugir do olhar do Pai.
E aí acontecem as surpresas de Deus. Ele nos ama não porque merecemos, mas porque precisamos. E nunca muda de atitude. É o pai que acolhe o filho pródigo, é o pastor que procura a ovelha até encontrá-la, é o juiz que não condena a mulher adúltera, é o crucificado que intercede junto do Pai pelos algozes: eles não sabem o que fazem.
Na parábola dos talentos (Mt 25,14), o único empregado rejeitado é aquele que enterrou o dinheiro. Enterrar o talento é fechar-se em si mesmo, lavar as mãos, recusar-se a partilhar. Esse é o grande pecado. Por outro lado, tentar é a grande virtude. Isto implica também em saber recomeçar. Deus tem olhos de pai e vê a boa vontade nos filhos. E nunca nos cobrará pelo sucesso, mas baterá palmas sempre que tentarmos. Antes chorar por não conseguir do que baixar a cabeça por não tentar. Nossa missão é continuar preparando panquecas para Deus e para os irmãos. De qualquer jeito.

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