sábado, 21 de abril de 2018

VIOLÊNCIA.

Resultado de imagem para VIOLÊNCIA

Se você nunca sofreu algum tipo de violência, parabéns, você é uma exceção. Mas será mesmo que há alguém que nunca sofreu algum ato de violência? Eu duvido. Talvez não tenhamos sido expostos a uma ação direta de violência, no próprio corpo e liberdade, de forma ostensiva, como é o caso de um assalto a mão armada. Mas, violência não é sinônimo de mão armada. Violência é sinônimo de objetificação. Um sujeito reduzido a coisa, isso é objetificação. Haverá violência maior de reduzir alguém a algo? Isso é feito de muitas formas. A forma da ação física direta é apenas uma forma. A forma da cultura da violência que culpabiliza a vítima é outra forma. E a forma da institucionalização da objetificação violenta, é outra forma.
    1 Violência racial: não há vítima mais vulnerável, nas três formas da violência (direta, cultural e institucional), do que os negros. Os negros atraem sobre si a soma dos aspectos que faz uma categoria social vulnerável: são os mais pobres, são os que vivem na periferia geográfica das cidades, são os que conta com menor grau de escolaridade, com infra-estrutura de urbanização mais precária etc. Se não bastasse isso, são os que têm menor representação no sistema de poder (legislativo, executivo e judiciário) e não participam da religião dominante na sociedade. A facilidade de serem reduzidos à coisa, é enorme. Mas não são coisas, são alguém...

    2 Violência contra os Jovens: os jovens são os mais violentos e os que mais sofrem violência, sobretudo a violência física e direta, redundando, inclusive, em morte. Uma estatística para entender isso. Em 2011 houve 52 mil mortos por homicídios no Brasil. Desses, 29 mil eram jovens. E para não deixar dúvida que os negros são as maiores vítimas a estatística diz que dos 29 mil jovens mortos, 20 mil eram negros. Independente das estatísticas, é senso comum que a juventude é a vítima principal, inclusive no trânsito e do narcotráfico que, praticamente, condena os jovens a não chegarem à vida adulta.


    3 Violência contra as mulheres: morrem muito mais homens do que mulheres, vítimas da violência, mas, além do crescente feminicídio, isto é, morte de mulheres pelo fato de serem mulheres, numa cultura machista, há de se reconhecer que a violência contra a mulher não pode ser reduzida à violência que leva à morte. Há inúmeras formas de violência, mais sutis do que uma bala na cara, que objetifica a mulher, tirando-lhe a condição de sujeito livre. É só pensar nas violências de ordem moral, psicológica e sexual, cuja vítima principal é a mulher. E sobretudo no lar. Se a violência contra os homens se dá na rua, a violência contra a mulher acontece, sobretudo, na própria casa. Em 2015, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou 45.460 casos de estupro. Mas segundo dados não oficiais, esse número pode chegar aos 454 mil. Os números falam por si só.


    4 Violência contra adolescentes, crianças e idosos: a violência contra a mulher ocorre no lar. Mas no lar há também outras vítimas. Crianças, adolescentes e idosos são vítimas vulneráveis dentro da própria casa. No caso das crianças e adolescentes, a violência recebe um selo de legitimação por um processo naturalizado de que não há como educar sem um grau de violência. Mas, a maior violência contra as crianças, nem é tanto a violência no processo de educação, mas a violência advinda da pobreza que lhe tira as potencialidades físicas e, muitas vezes, leva à morte.


    5 Violência Sexual: a questão aqui é o tráfico humano com fins de exploração sexual, sobretudo de mulheres e meninas. Depois do tráfico de drogas e armas, esse é o tráfico mais lucrativo e, via de regra, está associado ao crime organizado. E é onde a violência, entendida como objetificação, mostra-se em seu grau máximo. É preciso acrescentar ao tráfico para fins de exploração sexual uma violência sexual ainda maior: o estupro. Haverá maior violência do que reduzir um ser ao corpo tornado objeto de prazer de outros?


    6 Violência contra trabalhadores rurais e indígenas: outras duas categorias de vulneráveis são os trabalhadores rurais, que muitas vezes são reduzidos a semi-escravos à serviço do agronegócio e os índios que vivem em constante insegurança na disputa de suas terras, por grileiros e por jagunços a mando de grandes proprietários de terra ou em interessados na exploração mineral nas reservas indignes.

    A essas vítimas humanas poderíamos acrescentar a natureza e, sobretudo, os animais, como vítimas vulneráveis nas mãos dos humanos desrespeitosos da alteridade e sedentos de possuir tudo, inclusive o que no outro há de mais sagrado, seu corpo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário