terça-feira, 15 de agosto de 2017

O REINO DE DEUS

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O reino de Deus é uma categoria teológica. Um conceito religioso de que Deus tem seu reino. Isto é, diferente dos reinados humanos, é um acontecimento bíblico de suma importância ao homem como ser terreno e obreiro da obra divina. É acontecimento imprescindível para a fé e salvação do homem, consequentemente para a missão da Igreja.

A noção de reino de Deus é intrínseca às Escrituras Sagradas. Os textos dos quatros evangelistas apresentam muitas configurações dele. Jesus o compara a um tesouro escondido, uma pérola preciosa, fermento colocado na farinha, semente lançada na terra, etc. O evangelista Mateus recorda do ensinamento de Jesus aos seus discípulos no alto da montanha: os destinatários do reino são o pobre, despojado, oprimido, manso, misericordioso, aquele que promove a paz, a justiça (Mt 5,1-12). Com isso, para Jesus toda a humanidade é destinatária do reino, seja por situação social, pobreza, exclusão e pelo estado de espírito, desprendidos do mundo material. Fato é que Jesus e sua misericórdia não eliminam nenhum ser humano do reino de Deus. Mas, devido à ganância e à exclusão humana, Deus se posiciona inequivocamente ao lado dos marginalizados.

O posicionamento preferencial de Deus aos pobres tem causado desconforto em cristãos, abandono da vida de Igreja com crítica dirigida aos sacerdotes da Teologia da Libertação. O desconforto e o abandono de alguns cristãos é atitude que precisa ser repensada a partir da revelação de Deus. No decurso da história da salvação, na Antiga Aliança, Deus revela seu amor pelos oprimidos, como os escravos do Egito. Na Nova Aliança Deus manifesta, na cruz de seu filho Jesus, sua infinita misericórdia para salvar toda a humanidade. A má interpretação da predileção de Deus brota da falta de conhecimento da revelação divina. Certamente a vontade de Deus deveria servir de confiança e chamado à humanidade para participar de seu reino. Dessa forma, transformar o mundo em experiência do reino de Deus deve ser o ponto de convergência de cada crente.

Sendo assim, diante da pobreza e da exclusão do ser humano o posicionamento de Deus é mais radical em Jesus de Nazaré. O apóstolo Paulo afirma: “conheceis a graça do nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por vós, para que por sua pobreza fôsseis enriquecidos” (2Cor 8,9). Na visão de Deus a pobreza social, material, é uma forma de desprezo pela vida do ser humano. Isto é, aguarda confiança em Deus para a manifestação de sua justiça. No dizer de Jesus os bem-aventurados do reino são as pessoas que convergem para a realização da justiça divina.

Para o teólogo Gustavo Gutiérrez, na pobreza do homem Deus encarna-se na solidariedade com o pobre e oprimido. Melhor dizendo, a predileção de Deus pelos oprimidos do sistema expressa que seu amor é um protesto contra a pobreza. Para a Teologia há uma correlação entre o reino de Deus e a solidariedade aos pobres. Quanto aos mal-entendidos com relação ao amor predileto de Deus, são inadequados nos cristãos já pelo próprio clamor ético de superação desta problemática social e humana. Desta perspectiva teológica, quando os cristãos denunciam problemas como fome, desemprego, alienação, repressão ou mortes prematuras, são juízos éticos e religiosos em vista do reino de Deus. Em suma, a rejeição desses males já é uma aceitação do amor de Deus pela humanidade liberta em sua justiça.

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