sábado, 13 de maio de 2017

DESAPEGAR-SE: COMO É DIFÍCIL

Preciso começar a distribuir meus livros, a minha hora está chegando, preciso exercitar o desapego” – disse um senhor com idade avançada. Desapegar-se de livros era desapegar-se da vida como existia até então; era entregar-se ao desconhecido ou, então, conhecido até onde sua fé alcançava. Essa constituía-se uma difícil tarefa que precisava empreender.

O tempo passa, o envelhecer bate à porta e a estrutura interna, construída dia após dia, não desampara. Desapegar-se das pequenas e das grandes pessoas e objetos é a porta de saída e de entrada da nova etapa. Continuar ensinando e aprendendo de maneira diferenciada, até o último instante de vida, é o maior desafio empreendido na grande jornada chamada envelhecer.

Essa nova etapa vem com a força da vida que precisa ser reinventada, mas, acima de tudo, compreendida. Para vivê-la tranquilamente é preciso libertar-se das fantasias de culpa, mágoas e fantasmas do passado e entregar-se para a vida via compreensão. Procurar uma palavra, um olhar, um sentimento que realmente reconecte com o mágico, com o universo, com a vida, com a aprendizagem e com a passagem é engrandecedor.

Exercitar o desapego ajuda a enxergar a vida com novo olhar. Ao mesmo tempo em que ensaia o fechar de um ciclo plenificando uma vida, abre as portas para um novo amanhecer de consciência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário