segunda-feira, 8 de junho de 2015

ELE SEMPRE DA MAIS DO QUE PEDIMOS;.

Já adiantado em anos, um velho camponês que levara uma vida exemplar, sentiu-se afetado pelo desânimo. Deus parecia não escutar suas preces. E ele externou seu ponto de vista a um velho e santo monge: “Por toda a vida invoquei a Deus com lágrimas nos olhos. Vivi uma vida pura. Servi aos amigos e desconhecidos da melhor maneira que pude. Mas Deus continua distante como sempre. Já estou começando a pensar que o tempo que eu dediquei a Deus foi um tempo perdido, um tempo jogado fora”.
O monge indicou, lá adiante, os campos cultivados e explicou: há dois tipos de lavradores. Há aqueles que sempre foram lavradores, semeiam todos os anos, mas nem sempre colhem. Por vezes é a seca, outras vezes a enchente, outras vezes ainda os insetos que impossibilitam a colheita. Isso pode continuar anos a fio. Mas eles não abandonam seus campos. Mas há outro tipo de lavrador: o que se entrega à agricultura com o único objetivo de conseguir lucros. E esse se deixa abater por uma única estação de seca.
E o mestre continuou: o verdadeiro discípulo nunca abandona suas orações e suas boas obras. Permanece firme, invocando o Senhor e servindo os irmãos. Ele canta louvores mesmo que não seja uma só vez abençoado com a visão do seu Deus. O caçador de pérolas mergulha muitas vezes seguidas no mar. Mesmo quando volta cansado e de mãos vazias não desespera. Mergulha de novo, de novo e de novo... na certeza que vai conseguir aquilo que busca. O peregrino, em busca de Deus, deve ser assim. Mais: deve redobrar os esforços. A demora não é recusa. Deus se mostra aos seus no tempo certo. Deus tem direito de dizer não. Ou, agora não. E Ele sempre dá muito mais do que pedimos. Ele dá a coisa certa, no tempo certo.
Desde Calvino, há cinco séculos, prospera a chamada Teologia da Prosperidade. Os seus seguidores exigem que Deus dê a eles a riqueza. Nesta ótica, Deus é um senhor cheio de bens. Os devotos se aproximam, não porque Ele é bom, mas para gozar seus favores. O foco de suas orações e suas ofertas não é Deus, mas seus tesouros. E a iniciativa é sempre deles. Eles dão um boi, mas esperam de Deus uma boiada.
Dentro da teologia calvinista, Deus mostra seu amor, dando bens materiais, sinal de predestinação. Quem é pobre, sempre nesta visão, não é amado por Deus. É natural que esse pensamento bata contra o Deus dos pobres, que “ouviu o clamor de seu povo”  e veio libertá-lo. Deus não quer, não precisa, de nossas esmolas. Mesmo porque não é mendigo. Ele quer nossa fidelidade, que se revela nos dois grandes mandamentos: amar a Deus e amar o próximo. De resto, Ele é nosso Pai. Precisamos um coração de filhos, que tem como pressuposto um amor incondicional. E que tem certeza nas surpresas do Pai, sem cobrar prazos e resultados.

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