quarta-feira, 10 de junho de 2015

E O CORAÇÃO PERMANECE O MESMO.

Vivemos grandes mudanças através da história e, ao mesmo tempo, permanecemos os mesmos. As pessoas se fazem as mesmas perguntas: quem sou, donde vim, para onde vai a humanidade, qual o destino humano? A humanidade muda em suas aparências, mas no seu interior permanece com as mesmas interrogações e inquietudes.
Há dois mil anos as pernas humanas eram indispensáveis. Apenas o cavalo e algum veleiro lhes davam extensão. Tudo era feito em caminhada e praticamente todas as atividades eram feitas a pé. Hoje, aeronaves, trens, carros, motocicletas e outros meios de transporte prolongam a atividade das pernas. E o coração permanece o mesmo.
Há dois mil anos as mãos e os braços eram essenciais para muitas tarefas. Os braços e os músculos eram fundamentais para produzir alimentos e para a sobrevivência. Hoje, a roda e os equipamentos de todos os tipos, a máquina de lavar roupa e todos os utensílios domésticos, os teclados e os sinais de digitação fazem o serviço com muita mais rapidez e eficiência. E o coração humano permanece o mesmo.
Há dois mil anos o homem enxergava apenas o horizonte. Hoje ele se multiplica no telescópio e microscópio, na televisão e na imprensa. Seus ouvidos escutam muito mais e sua fala se prolonga através do microfone e do rádio. Hoje não há limite para o som e a imagem. As imagens e os sons, que são gerados em qualquer parte do planeta, minhas mãos podem acolhê-los com um simples toque. E o coração humano permanece o mesmo.
Há dois mil anos o conhecimento era privilégio de poucas pessoas. O mesmo conhecimento era passado de pais para filhos, simplesmente na técnica do escutar e decorar. Hoje temos a maravilha da imprensa e a possibilidade de recolher todo o conhecimento humano em grandes bibliotecas, e mais recentemente ainda, na espetacular memória dos computadores e da internet. E o coração humano permanece o mesmo.
Há dois mil anos se morria de sarampo e de gripe. Hoje a medicina e os laboratórios prolongam a vida em muitos anos.
Porém, no meio de tantas mudanças, desde as pernas até o cérebro, em nada alterou o coração humano, que teimosamente continua com as mesmas angústias e incertezas, com os mesmos desejos de vida e de eternidade. A inquietação humana permanece. Na verdade, tantos triunfos da ciência e da tecnologia humana foram superficiais. Continua-se satisfazer o estômago, mas o coração e a mente humana continuam inquietos. Dominam-se as doenças e o corpo, mas não se consegue evoluir no domínio do comportamento humano.
Que ser é esse que continua sendo o grande mistério indecifrável e indomável perante a ciência e a técnica? Não haverá respostas para a ansiedade e a inquietação do coração humano? Qual a vantagem para o ser humano em possuir tantos meios que facilitam a comunicação e o viver se o coração permanece no mesmo ritmo de milhares de anos passados? Pelo que se constata, estamos ainda no começo da evolução global do ser humano. Tudo está por fazer.

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