domingo, 20 de julho de 2014

QUANDO NÃO SE CONSEGUE DAR ALGUM NEXO.

Não é culpa deles ou delas, mas há uma inteira geração de adolescentes e adultos que não consegue escrever três sentenças sem cometer, no mínimo, cinco erros de concordância. Fiz essa observação a redação de alguns alunos alunos  que, em menos de dois anos, serão formados.
Sentem-se limitados ao escrever, ao usar expressões idiomáticas, ao situar o verbo no singular ou no plural, ao usar substantivos e adjetivos. Transcrevo aqui uma frase, tirada de um aluno de filosofia. Mas eis um pouco do que esse futuro professor disse, ao falar do tema “A Família no Brasil de hoje”.
“Não quero me estender sobre um assunto já tão tratado na tal de mídia e nas igrejas, mas digo que o arquetípico familiar hoje não mais se sustenta, principalmente em se considerando-nos também nós, filhos de uma pequena minoria de poucos que ainda mantêm laços de fidelidade doméstica, mas que nem sempre apreciamos por causa do poder do capitalismo que corrói os laços humanos e pessoais”...
Redações ainda mais sem nexo são divulgadas na mídia. Com professores bem remunerados e com tempo para corrigir as provas e com um sistema educacional que não exigisse o impossível do professor não aconteceria essa chocante constatação.
Na redação de uma coluna de 2.220 toques, com a tolerância para apenas 15 erros de concordância, pontuação e acentuação, cerca de 75% dos alunos de curso superior não passariam. A escola da qual vieram não lhes ensinou a pensar. Em algum momento de nossa história mais recente, alguém neste país achou que o profissional não precisa pensar nem escrever direito e assassinou a língua portuguesa, a filosofia e a arte de raciocinar. Juntar palavras, eles juntam. O que não conseguem é dar-lhes algum nexo.

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