segunda-feira, 14 de julho de 2014

A SOCIEDADE ATUAL ESTÁ DOENTE.

Nem tudo o que tem aparência de música é música. Barulho não é música e música não é barulho. Música é linguagem de comunicação que se faz através da combinação de sons. Sons que nascem dos sentimentos e emoções. A música expressa a situação emocional, psicológica e espiritual da sociedade em seu momento. A sociedade atual está doente. Há muita confusão e medo em seu interior. Há insegurança e incapacidade de suportar-se. É o medo de si mesmo que se reflete em cada ser humano. E a música expressa esse momento de não suportar-se. Busca-se uma fuga. Uma música feito música, música que se torna canal de escutar-se, torna-se muito perigosa. Ela facilita o interiorizar-se. E sentir-se, conhecer-se se torna muito perigoso e doloroso. É mais fácil abafar as emoções doentias com o barulho, que impede de escutar-se e sentir-se como se está.
As bandas de música são confusas. São especialistas em produzir sons. Os instrumentos perdem a individualidade. Não comunicam e impedem a comunicação. Enquanto uma banda executa sua música é proibido falar. É impossível a comunicação. O que importa é a intensidade do som. É a concorrência entre bandas para ver quem consegue mais volume. São os carros que nas ruas disputam o espaço maior para mostrar seu som. Pela aparência somos uma sociedade de surdos, ou uma indústria de surdos. Já está se tornando obrigatório o exame de audição na admissão ao emprego nas empresas. Parece que esse tema não é poesia. É realidade que machuca muita gente. Escutar uma banda, especialmente uma banda de rock, é encaminhar-se para a surdez e para a insensibilidade do belo e do artístico. A arte não conta. Conta a música consumista que exige que seja assim.
Ser orquestra é ser identidade. O universo é orquestra. Cada astro é um instrumento afinadíssimo que executa sua música em harmonia com todos os outros. E o universo é música, tão música, que se torna silêncio. O silêncio é o máximo da música. Provoca escutar-se. Escutar a música que vem de dentro. Escutar uma orquestra, ser um instrumento numa orquestra, é ser individualidade. É permitir que cada instrumento execute sua música. Todos são escutados. Não há confusão. Não há disputa de volume. É a harmonia. É o respeito de um pelo outro em sua maneira de ser. Assim é a orquestra social. É permitir que cada ser humano se expresse em sua individualidade, se expresse como um ser único e irrepetivel.
Construindo uma orquestra. Todos nesta tarefa. Tarefa para tornar a sociedade uma orquestra de músicos e executores de música. Cada um na sua tonalidade e especialidade. Fazer da música social um ambiente de comunicação e de arte. Música comunicação e não confusão. Música onde a sociedade possa escutar-se em suas dores e alegrias, anseios e desejos de infinito, pois a música é a expressão do infinito que nasce em cada pessoa.

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