quarta-feira, 28 de abril de 2010

ATENTADO AO SENADOR PARAGUAIO

Os jornais desta quarta-feira 28/04 dão destaque à notícia vinda do Paraguai, segundo a qual dois brasileiros estariam envolvidos no atentado a tiros contra o senador Robert Acevedo, na cidade de Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.


Os jornais “compram” a tese de que os dois acusados seriam ligados à facção criminosa conhecida como Primeiro Comando da Capital – PCC – que estaria atuando em ligação com um suposto grupo guerrilheiro, denominado Exército do Povo Paraguaio, e até das Farc, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Segundo a versão geral apresentada pela imprensa, o atentado teria resultado de uma combinação de forças do narcotráfico internacional com grupos terroristas e o crime organizado que domina os presídios paulistas.

Há uma série de equívocos, mistificações e exageros no noticiário, e é preciso ler pelo menos três jornais brasileiros e a imprensa paraguaia para se compor um quadro mais verossímil dos acontecimentos.

Em primeiro lugar, especialistas citados pelos jornais duvidam da própria existência de um grupo guerrilheiro no Paraguai. O chamado Exército do Povo Paraguaio não passaria de uma fantasia criada por políticos conservadores interessados em desestabilizar o governo daquele país.

Os atentados e sequestros cometidos em nome dessa organização seriam na verdade praticados por criminosos comuns.

Uma rápida olhada nos arquivos de notícias sobre o Paraguai revela que não há registros confirmados de ações políticas de tal organização.

Ela aparece do nada, alguns meses após a posse do presidente Fernando Lugo, em notas de alguns jornais, e a imprensa paraguaia trata o grupo como uma organização criminosa semelhante ao Comando Vermelho, que atua no Rio, e ao PCC, que concentra seu poder em São Paulo.

A mistificação e a politização do noticiário sobre as ações do crime organizado são de interesse de partidos conservadores e do próprio crime organizado.

A repetição da versão que dá a criminosos comuns o status de objetores ideológicos confunde o leitor e glamuriza a ação de bandidos, contribuindo para criminalizar movimentos sociais legítimos.

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