MANHÃS DE SETEMBRO

O amanhecer é sempre carregado de oportunidades e de desafios. O ato de acordar deveria estar repleto de ânimo e de muita disposição. No entanto, somos humanos e nem sempre criamos favorabilidade para tornar cada dia como se fosse um dia único e muito especial.

Alguns nem abrem as janelas para acolher a suavidade da brisa, amenos raios de sol ou simplesmente para olhar sem a pretensão de enxergar qualquer coisa. Até é possível deixar as janelas fechadas, mas aquelas aberturas ou simples frestas do coração deveriam ser escancaradas para acolher a luz maior, aquele brilho que renova a esperança e que permite acreditar novamente em infinitas possibilidades.

Todos os meses têm manhãs. No entanto, as manhãs de setembro são feitas de detalhes, escondem surpresas, exibem diferenças. Talvez não haja uma explicação precisa, nem uma eloquente teorização. Entre tantas possibilidades, as manhãs de setembro são capazes de surpreender por um motivo especial: são elas que apresentam a chegada da primavera, quando o colorido se torna intenso e a diversidade acaba por confundir olhares pouco preparados para a contemplação. As manhãs de setembro não são iguais às outras manhãs. Mesmo que tenham em comum a transição da noite para o dia, elas são provocantes e vislumbrantes. Impossível ficar indiferente nas manhãs de setembro.

Como tudo seria diferente se as manhãs de setembro pudessem inundar os corações de esperança, aliviar as cobranças, eliminar as mágoas. Não existe uma fórmula, mas é possível, por uns instantes, sentir a paz perpassando a existência, a transcendência inspirando preces, o amor retocando sonhos. O amanhecer é convite insistente. Não faz bem acordar de qualquer jeito ou até mesmo de mau humor. A existência é feita de plenitude e os problemas servem de degraus para transpor alguns muros que surgem ao longo do caminho. As manhãs de setembro podem dar aquele toque que está faltando para reunir algumas melodias e cantarolar canções que o coração registrou e que primavera inspirou.