quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

UM DIA SÓ NOS RESTARÁ AQUILO QUE DAMOS

O gênio da lâmpada, que satisfaz os pedidos, povoou os sonhos de minha infância. Adulto, entendi que os sonhos podem ser realizados, desde que aceitemos pagar seu preço. Entendi que o futuro não é algo que vai acontecer, mas é construído por nós mesmos. O destino não está escrito em nossa fronte, mas passa por nossas mãos.

Três amigos, no final de uma festa, tiveram a visita do gênio da lâmpada. Ele não agia conforme o imaginário e deu a cada um deles um buquê de rosas. Em seguida desapareceu. Os amigos olharam-se espantados. Tudo parecia sonho, mas as rosas eram reais. Sem palavras, deixaram o local.

O primeiro amigo, após caminhar algumas quadras, amaldiçoou sua falta de sorte. Uma única vez na vida o gênio se apresenta e deixa apenas algumas flores. Havia um depósito de lixo e ele jogou ali as malditas flores. Outro amigo levou para casa as flores, colocou-as num vaso na sala e foi dormir. O terceiro amigo foi bater à porta da casa de seus amigos. E a cada um deles ofertou uma rosa. Na caminhada teve a impressão que as rosas não terminavam nunca.

No dia seguinte, os três amigos encontraram-se para comentar a visita do dia anterior. E, de novo, o gênio apareceu. O que você deseja, perguntou um deles? “Eu desejo que as rosas de vocês se transformem em ouro”, disse ele antes de desaparecer.

O ingrato correu até o lixão, mas suas rosas haviam desaparecido. O segundo amigo foi até sua casa e lá estavam as rosas transformadas em ouro. Ao regressar à sua residência, o terceiro personagem foi saudado com alegria por muitos dos seus vizinhos, felizes com a rosa que haviam recebido. E, em sua casa, rosas de ouro amontoavam-se em toda parte.

Vamos esquecer o gênio e ficar com a simbologia. As rosas da lenda podem significar muitas coisas: o amor, a partilha, a generosidade, o tempo gasto com os outros... O ingrato, que não valoriza a família, os amigos, os dons recebidos, nunca irá desenvolvê-los e ficará de mãos vazias. O conformado terá uma recompensa proporcional à sua medida, muito pequena. Mas o generoso, aquele que não tem medo de arriscar, de semear, de partilhar, de apostar nos outros, receberá tudo multiplicado

Um dos maiores profetas de nosso tempo, Martin Luther King, afirmou: “Perdi tudo o que eu guardei em minhas mãos, mas o que coloquei nas mãos de Deus, ainda possuo”. É isso o que ensina o Evangelho quando aconselha “saber perder”. Um dia, nos restará só aquilo que damos.

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