sábado, 27 de fevereiro de 2016

O VALOR DO PERDÃO.

Durante semanas, o dinamarquês Karsten Mathianse, 40 anos, viveu à margem da loucura. Dominado pela fúria, não se alimentava direito, começou a beber para dormir e em sua cabeça uma ideia fixa: matar ou suicidar-se. Durante vinte anos foi feliz com sua esposa Ingrid. Sem motivo aparente, ela o abandou para morar com outro homem, deixando com ele a responsabilidade por dois filhos.

A vida de Rosalyn Boyce, inglesa de 26 anos, desabou. Um homem invadiu seu apartamento e a estuprou, enquanto sua filha de dois anos dormia no berço ao lado da cama.

Todos eles viveram períodos de intensos sofrimentos. Já em vida eles estavam no inferno. Os únicos momentos positivos eram quando acalentavam projetos de vingança. Tornaram-se amargos, desequilibrados e doentes.

O retorno a uma vida normal e feliz só pode acontecer pelo perdão. Foi um caminho demorado e difícil. Em ambos os casos, as vítimas aceitaram um encontro com os agressores, que estavam presos. Por fim, conseguiram perdoar. O perdão foi o grande presente que dei a mim mesmo, afirmou Karsten. Por sua vez, Rosalyn garante: depois que aceitei perdoar, um fardo imenso foi tirado de minha vida; não penso mais no estupro. Ele sumiu como fumaça.

O perdão, tantas vezes recomendado no Evangelho, ganha hoje o apoio total da psicologia e da medicina. A pessoa que se recusa perdoar torna-se doente e desequilibrada. Robert Enright, fundador do Instituto Internacional do Perdão, esclarece: mais que ao outro, o perdão faz bem a nós mesmos. A medicina fala de “ raiva tóxica” alimentada pela falta do perdão.

Perdoar não significa esquecer a ofensa, nem que a atitude errada torne-se certa. Perdoar é uma reconfiguração: é ver o incidente por uma lente mais ampla, com mais compaixão. Perdoar é fazer a paz com o fato, por mais doloroso que tenha sido. È um ato de inteligência porque o passado é imutável, mas podemos vê-lo com uma luz diferente.

Medicina e psicologia vêm, mais uma vez, confirmar a sabedoria do Evangelho. A única maneira de vencer o mal é com o bem. Aquele que se vinga, de alguma maneira, iguala-se ao ofensor. Os gregos antigos diziam que a vingança se constitui no mais refinado prazer que alguém possa ter. Jesus garante que a suprema vingança é perdoar. É preciso perdoar sempre, perdoar até o imperdoável.

No Pai-Nosso, propomos a Deus um acordo: que Ele nos perdoe assim como nós perdoamos. E na cruz, o último gesto de Jesus foi perdoar a humanidade: “Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem”.

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