domingo, 22 de fevereiro de 2015

PROPOR CAMINHOS, CLAREAR IDEIAS E ACENDER LUZES.

Um nobre leitor telefonou-me para dialogar sobre os artigos “do Gente, Lugares & Coisas” que escrevo. Dizia-me que eu deveria ser mais polêmico, denunciando e batendo de frente nos que andam atrapalhando a nossa realidade social e nossa história atual. Em sua sinceridade de amigo, afirmava que meus artigos eram muito amenos, leves e pouco provocadores. Achei sua observação sincera e verdadeira! Porém, senti necessidade de clarear para ele qual era a minha razão de escrever assim e não diferente.
Na verdade, a observação de uma pessoa sincera ajuda a firmar as próprias ideias. Estou convencido que, em nossos dias, a polêmica ajuda pouco. Bater de frente para denunciar, facilmente, altera as emoções e cria mais distâncias, deixando o outro lado na teimosia. Gritar contra as trevas não favorece muito a chegada da luz. O tempo da apologética está dando sempre mais lugar ao diálogo. Sermões moralistas não ajudam a mudar convicções e menos ainda comportamentos.
Enfim, polemizar fatos parece não modificar a história. Comecei a me preocupar pelo modo e o conteúdo de falar e escrever a partir de uma experiência vivida.
Um dia destes comecei a observar que, normalmente, quando se ouve alguma denúncia de atitudes e situações, logo se pensa que isso é dito para os outros. “Isto não me atinge!”
Em cada um de nós existe um pouco do fariseu que foi ao templo para rezar. Sentindo-se perfeito, louvava-se a si mesmo, imaginando enganar a Deus. Diminuía os outros para se engrandecer. “Não sou como os demais!” O pior de tudo isso é a tendência de sempre acusar os outros para se declarar inocente.“Os outros merecem ouvir as verdades!”, “Os outros são pecadores!” etc...
Mecanismos de defesa e acusação existem em todos os humanos. Proteger-se pode parecer um direito, mas por outro, pode nos conduzir a um triste fechamento. De qualquer modo, acredito muito que é mais importante propor do que polemizar. Penso que ser polêmico é um jeito de exercer um certo tipo de poder que não liberta e nem anima a caminhar para a verdade.
Propor caminhos, clarear ideias, acender luzes e motivar a reflexão é um modo de acreditar que os outros têm capacidade de elaborar suas convicções e decidir o seu crescimento e suas mudanças. Não se muda ninguém por imposições. Propor é sempre um dever de quem ama e respeita. Até mesmo a salvação da pessoa não vem de uma imposição de Deus, mas de uma proposta revelada plenamente em Jesus Cristo.
Gosto muito de quem ajuda a pensar, de quem não tem a pretensão de querer mudar os outros à força de ameaças. Leio com prazer quem acende luzes de verdade, mais com a beleza do que com a agressão. Decididamente acho melhor propor do que polemizar.

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