quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

OS 1% E OS 99%

Anualmente a revista americana Forbes divulga a relação das pessoas mais ricas. Pelo segundo ano consecutivo, o mexicano Carlos Slim, dono da América Movil, aparece como o homem mais rico do planeta. Sua fortuna é estimada em 74 bilhões de dólares. 70 brasileiros possuem mais de um bilhão de dólares. Da lista fazem parte também russos, chineses e indianos, num total de 1.200 nomes.
Nenhuma publicação, por enquanto, divulgou a relação dos mais pobres do planeta, mesmo porque eles se aproximam da casa dos dois bilhões de seres humanos. No entanto, alguns nomes podem ser levantados. O primeiro da lista é Jesus, o filho de José, um carpinteiro. Filho de Deus, abriu mãos de todos os seus privilégios e tornou-se o mais pobre dos seres humanos: nasceu numa gruta, não tinha onde repousar a cabeça e morreu despido numa cruz, fornecida pelo Império Romano. Até seu túmulo foi emprestado.
Em destaque nesta lista aparece Francesco Bernardoni, mais conhecido por Francisco de Assis. Filho único de um rico mercador de panos, entregou ao pai até mesmo suas roupas de corpo e garantiu que nunca mais tocaria em qualquer moeda. O caminho era sua casa e o céu seu coberto. A lista inclui ainda Teresa de Calcutá, a irmãzinha que dedicou sua vida aos mais pobres entre os pobres da Índia. Charles de Foucauld integra a lista. Ele deixou sua casa e carreira para morar com uma desconhecida tribo africana, os tuaregues. Podemos ampliar essa lista com Roger Schutz, o Prior de Taizé, o indiano Mahatma Gandhi, Irmã Dulce e uma multidão de anônimos  que deixaram sua pátria e sua família e deram sua vida em favor dos excluídos.
Não se trata apenas de duas listas: os que mais e os que menos possuem. A questão refere-se à felicidade. Até que ponto 74 bilhões de dólares garantem a felicidade de uma pessoa? É bom não confundir felicidade com momentos de intensa alegria e prazer. Nos mercados, nos shoppings e bolsas de valores, a felicidade não está disponível. Há os que procuram atalhos em busca da desejada felicidade: a droga, a bebida, o sexo, a glória... Eles não garantem a felicidade e deixam, após si, um lastro de frustração e desencanto.
Curiosamente, os integrantes da outra lista – os que menos ou nada possuem – são contemplados com a felicidade. Ela não brota do dinheiro, mas do serviço gratuito e da entrega filial a um Deus-Amor. Foi em Deus que é Pai e nos irmãos, por Ele enviados, que Francisco encontrou e plena, a perfeita alegria. Ele e tantos outros encontram um sentido para a vida.

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