terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

LUZ!

Há fenômenos positivos que sempre marcaram a história humana. Hoje, com certeza, mais do que nunca! Um desses fenômenos chama-se “necessidade de luz!” Na experiência dos contrastes, quanto mais experimentamos o pior, mais necessitamos do melhor. Quanto mais sombras e trevas aparecem no caminho, mais ansiamos pela luz.
Em muitas áreas do conhecimento e do progresso humanos, novas luzes foram despontando e se tornando claras. Quero citar apenas a conclusão do primeiro rascunho do genoma humano, acontecida no primeiro semestre do novo milênio. O diretor do projeto Genoma, Francis S. Collins, lembra o discurso de Clinton que dizia: “Hoje, estamos aprendendo a linguagem com a qual Deus criou a vida. Ficamos ainda mais admirados pela complexidade, pela beleza e pela maravilha da dádiva mais divina de Deus”.
Tanto empenho e tantas luzes foram e continuam sendo acesas no campo da ciência e da técnica. Tudo isso é louvável e bom! Porém, não está acontecendo o mesmo ao se tratar do sentido da vida, dos ajustes na convivência humana, da capacidade de diálogo no cotidiano da vida, do senso de humanidade e das coisas mais primárias do nosso dia a dia. Os valores éticos e morais estão sendo deixados nos porões e, tantos, até como peças de museu.
Precisamos de luz! É o clamor dos profissionais da educação, que não se veem reconhecidos e ajudados em sua árdua missão de ensinar, educar e garantir uma formação digna que responda às exigências da atualidade. Somado a isso, está o desafio dos destinatários desmotivados a uma educação transformadora e responsável.
Precisamos de luz! É o grito da família que se vê invadida - ou se deixa invadir - por mestres sem verdades e sem futuro das telas de televisão e pela onda de desmonte da família, como santuário da vida.
Precisamos de luz! É também o desejo da criança e da juventude que veem seu futuro envolvido em sombras ou até mesmo nas trevas da desesperança; luzes para o amor se tornar possível e verdadeiro, que não se torne ilusão, traição e solidão; luzes para não precisar se envolver na droga para garantir uma alegria que vai desencadeando tristezas em todos os lados.
Precisamos de luz! É também a expressão que deverá brotar no mundo da política para que realmente se torne a arte do bem comum e não engane o povo na penumbra dos oportunismos interesseiros. Bendita luz que ainda tem coragem de clamar pela “ficha limpa” dos candidatos e exige a transparência de quem quer legislar ou administrar o que é de todos.
Precisamos de luz também em nossas Igrejaa, santa e pecadora, humana e divina. Precisamos de luz para que a vida seja administrada com fé e a fé saiba valorizar a vida. Precisamos de luz para que as esperanças, tenham seu fundamento  e não se fixem em fanatismos personalistas. Precisamos de luz, para que o amor consiga organizar a convivência humana segundo os projetos de Deus. Precisamos de luz em tudo e para tudo, agora e sempre.

OS 1% E OS 99%

Anualmente a revista americana Forbes divulga a relação das pessoas mais ricas. Pelo segundo ano consecutivo, o mexicano Carlos Slim, dono da América Movil, aparece como o homem mais rico do planeta. Sua fortuna é estimada em 74 bilhões de dólares. 70 brasileiros possuem mais de um bilhão de dólares. Da lista fazem parte também russos, chineses e indianos, num total de 1.200 nomes.
Nenhuma publicação, por enquanto, divulgou a relação dos mais pobres do planeta, mesmo porque eles se aproximam da casa dos dois bilhões de seres humanos. No entanto, alguns nomes podem ser levantados. O primeiro da lista é Jesus, o filho de José, um carpinteiro. Filho de Deus, abriu mãos de todos os seus privilégios e tornou-se o mais pobre dos seres humanos: nasceu numa gruta, não tinha onde repousar a cabeça e morreu despido numa cruz, fornecida pelo Império Romano. Até seu túmulo foi emprestado.
Em destaque nesta lista aparece Francesco Bernardoni, mais conhecido por Francisco de Assis. Filho único de um rico mercador de panos, entregou ao pai até mesmo suas roupas de corpo e garantiu que nunca mais tocaria em qualquer moeda. O caminho era sua casa e o céu seu coberto. A lista inclui ainda Teresa de Calcutá, a irmãzinha que dedicou sua vida aos mais pobres entre os pobres da Índia. Charles de Foucauld integra a lista. Ele deixou sua casa e carreira para morar com uma desconhecida tribo africana, os tuaregues. Podemos ampliar essa lista com Roger Schutz, o Prior de Taizé, o indiano Mahatma Gandhi, Irmã Dulce e uma multidão de anônimos  que deixaram sua pátria e sua família e deram sua vida em favor dos excluídos.
Não se trata apenas de duas listas: os que mais e os que menos possuem. A questão refere-se à felicidade. Até que ponto 74 bilhões de dólares garantem a felicidade de uma pessoa? É bom não confundir felicidade com momentos de intensa alegria e prazer. Nos mercados, nos shoppings e bolsas de valores, a felicidade não está disponível. Há os que procuram atalhos em busca da desejada felicidade: a droga, a bebida, o sexo, a glória... Eles não garantem a felicidade e deixam, após si, um lastro de frustração e desencanto.
Curiosamente, os integrantes da outra lista – os que menos ou nada possuem – são contemplados com a felicidade. Ela não brota do dinheiro, mas do serviço gratuito e da entrega filial a um Deus-Amor. Foi em Deus que é Pai e nos irmãos, por Ele enviados, que Francisco encontrou e plena, a perfeita alegria. Ele e tantos outros encontram um sentido para a vida.

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