quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O PERIGOSO AUMENTO DOS AGROTÓXICOS

Quando começou seu uso intensivo - na década de setenta - os agrotóxicos foram vistos como redenção da agricultura. Cinquenta  anos após, constatamos que o feitiço virou contra o feiticeiro. Chegamos a um ponto onde não parece possível viver sem eles, mas é impossível viver com eles. Inseticidas, fungicídas e herbicidas - somam mais de 15 mil formulações - trouxeram um avanço significativo na produção agrícola. Mas com um preço muito alto a ser pago.
O Brasil ostenta o título de campeão mundial no uso de agrotóxicos, pelo volume total empregado e pela quantidade aplicada por hectare plantado. O Estado do Mato Grosso, que mais produz soja no país, é líder no uso de pesticidas e os maléficos efeitos são imensuráveis.
Um estudo, conduzido pelo pesquisador Josino Costa Moreira, revela as consequências do uso de agrotóxicos, afetando pessoas, segmentos ambientais, ar e animais. O pesquisador documenta a contaminação das águas de rios, chuva e poços artesianos. Também foi comprovada a contaminação de anfíbios que apresentaram deformações superiores em 50% aos que habitam outras áreas. Até a tradicional minhoca é afetada. Quando não morre, tem reduzida sua capacidade de reprodução. Resíduos de agrotóxicos foram detectados no leite materno. Moreira também salienta a maior responsabilidade do agronegócio no usos de agrotóxicos.
Pisamos um terreno movediço e ainda não conhecemos todos os efeitos que podem estar a caminho, afetando o homem e a natureza. Diante deste quadro cada vez mais preocupante, são duas as medidas que precisam ser adotadas. A primeira delas é a educação, conscientizando a população, sobretudo os trabalhadores rurais, para os perigos - nem todos ainda conhecidos - do uso dos agrotóxicos. A segunda é uma fiscalização intensiva por parte dos governantes, algo que, no momento, deixa muito a desejar.

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