quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

DISSE: A CRISE É DELES, MAS AS SOLUÇÕES SÃO NOSSAS

Susan George repetiu em Salvador o alerta lançado em Porto Alegre: não basta enfrentar a atual crise do capital sem lidar com a degradação do meio ambiente, a grave escassez de comida e as desigualdades sociais. A depressão econômica, disse, está diretamente ligada a múltiplas crises que se agravam nos campos ecológico e social. Na mesma linha, David Harvey afirmou que, mesmo com a crise, um novo processo de acumulação de capital está sendo gerado, que pode fortalecer o atual modelo e levar a uma nova crise ainda pior. A única saída, afirma Susan, é afirmar que "a crise é deles, mas as soluções são nossas".

Escutar Susan George nunca é reconfortante. Coisa que, nesta altura do campeonato, é essencial para sacudir convicções, como a de que a última crise do capital tenha comprovado que estávamos todos certos no FSM (e eles errados no frio de Davos) e que, a partir de agora, o capitalismo se afundará por si. "Ficou claro que o neoliberalismo não funciona. Os bancos sequer existiriam ainda, não fosse pelos governos, o que significa que eles sequer estariam aqui, não fosse por nós. Este tipo de economia só permanece se permitirmos. E iremos de uma bolha para a próxima até que, em alguns anos, exploda a próxima que pode ser de inflação, de quebra do Estado, não sabemos", grifou Susan durante conferência de abertura do Fórum Social Temático Bahia na noite desta sexta-feira (29) no Teatro Castro Alves, em Salvador. Apesar de pintar um cenário sombrio que cresce como uma bola de neve, Susan afirma acreditar no processo do FSM como uma das saídas para a crise.

"A cada ano, a revista Forbes publica uma lista dos milionários do mundo. Sabe como isso funciona? Vamos dizer que você tenha apenas um bilhão de dólares e invista 6%. Você vai ter de gastar todos os dias da sua vida 137 mil dólares porque se não o fizer ficará automaticamente mais rico, dia a dia. Isso é a riqueza", disse. Do outro lado, Susan lembrou que, segundo organismos internacionais, cerca de US$ 1 bilhão de pessoas passam fome hoje e que dentro de alguns poucos anos sofrerão mais com a progressiva escassez de água potável que os cientistas podem prever. "Veremos coisas ainda mais graves, que antes nem se imaginavam, como o surgimento dos refugiados ecológicos", alertou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário