quinta-feira, 22 de outubro de 2009

JÁ PENSOU EM COMO QUER MORRER?

Há bem pouco tempo, o pai, ou a mãe morria no grande leito do casal, cercado dos filhos. Hoje, morre-se com grande freqüência, na mais absoluta ignorância. Ou pior ainda, na mais absoluta solidão de uma CTI de hospital. Ao redor dele arma-se um verdadeiro teatro, o teatro de uma civilização que não sabe o que fazer com a morte. Os familiares, fingindo que o enfermo logo retornará às suas atividades, falam de negócios, férias, de futebol... E na chegada ou na saída – garantem que ele está muito melhor e em breve terá alta. O enfermo, o primeiro a suspeitar da gravidade da doença. Mas o ultimo a acreditar, embarca nesta encenação, acreditando ou fingindo acreditar. Depois, sobrevindo a morte, o cadáver é velado numa anônima capela funerária, onde se fala em voz baixa, mas se fala das coisas da vida. Ou até se lembram de episódios cômicos ou se contam piadas. Sepulta-se o morto o quanto antes, não se carrega luto e não se fala mais dele.O culto à juventude e ao prazer faz com que a morte seja ignorada. Não se deve pensar ou falar nela. Na realidade, assim como temos que aprender tudo na vida, precisamos aprender a envelhecer e a morrer. Cada um deve preparar e merecer a própria morte.

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