A maior riqueza da propriedade rural,
o olho d’água ou mina, normalmente está exposta à contaminação
A água é a maior riqueza da propriedade rural, mas por ocupar o
espaço naturalmente, às vezes não recebe a atenção que precisa. As milhares de
nascentes se espalham em meio ao mato, campos e até em cultivos, mas a grande
maioria “vive situação de abandono”. Nesse meio, a forma mais comum de obter
água para o consumo humano é aproveitando as vertentes superficiais ou por meio
de poços tubulares profundos e artesianos.
O grande problema é a
contaminação. Ela pode ocorrer na própria fonte, no poço, na caixa d’água, na
rede de distribuição e até dentro de casa. A poluição vem de várias maneiras,
mas as principais são os agrotóxicos (uso próximo ao olho d’água), circulação de
animais, insetos, folhas, galhos, terra, ação do homem etc.
Por isso, a
vertente deve ser protegida. “A fonte natural precisa estar, no mínimo, a 15
metros da casa, a 30 m da criação de animais e a 45 do sumidouro (local para
onde escoa a água)”, detalham os engenheiros agrônomos Neiva Rech e Paulo
Facchin da (Smapa).
Passo a passo - Por conta do programa
Saneamento Básico Rural, Caxias do Sul é referência em proteção de fontes no Rio
Grande do Sul. A equipe da Smapa vai à propriedade e ensina como fazer a
proteção da vertente. O primeiro passo é localizar a fonte. Em seguida, drenar e
encontrar o olho d’água e fazer a limpeza, retirando o material indesejável
(folhas, terra, raízes...).
Após, escolher o local mais baixo e verificar se
o terreno é firme. Fixar um pedaço de cano de PVC de 40 mm junto ao chão. “Ele
servirá de dreno para futura limpeza”, ensinam. Segue, a construção de uma
mureta com mais ou menos 50 cm. Colocar um pedaço de PVC de 25 mm com
perfurações internas de 3 mm. “Esta será a saída de água para o depósito
(captação)”, observam os agrônomos.
A altura da mureta dever ser superior a
15 cm. “Colocar outro cano de 40 mm, que servirá de ladrão. Acima, assentar mais
uma ou duas fileiras de tijolos e finalizar”, orientam.
De acordo com a
equipe da Smapa, o agricultor deve esperar dois dias para secar o cimento. Em
seguida, precisa fechar os canos e deixar a fonte encher de água para
certificar-se de que não há vazamento. Feito isso, encher o local da vertente
com pedras e brita. Na primeira camada colocar pedras maiores.
Já a segunda
camada deve receber brita nº 2. Fazer com que a brita fique inclinada em direção
à mureta de tijolos. As pedras funcionarão como filtro. Adicionar água sanitária
(1 litro para cada 10 litros de água) sobre as pedras para higienizá-las. Após,
cobrir a camada de brita com lona plástica de modo que a água da chuva escorra
para fora da fonte.
Por fim, cobrir a lona com uma camada de terra e grama.
Cercar a área da fonte para evitar o acesso de animais. Recomenda-se o plantio
de espécies nativas no entorno da fonte. Caso a propriedade trabalhe com
fruticultura, optar por nativas não frutíferas. “O objetivo é evitar problemas
com pragas, como a mosca das frutas”, alertam os agrônomos.