segunda-feira, 17 de julho de 2017

QUE FALTA FAZ O SUCUPIRA.

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Conta a lenda que ele é um indiozinho, do tamanho de uma criança, cabelos avermelhados, pés voltados para trás, forte e muito esperto. Mora nas florestas e sua missão é proteger as árvores e os animais das matas. Para isso ele não descansa nunca e está sempre pregando peças para assustar e dissuadir os lenhadores e caçadores, inimigos das florestas e dos animais.

Ele, o menino Curupira, usa de artifícios de ilusionismo, atordoando os inimigos com truques e com maquinações que deixam os invasores e predadores confusos, assustados e perdidos. Seu assovio agudo é sua arma maior e, seu disfarce para não ser capturado, é caminhar com os pés voltados para trás. Um ilusionista do bem na luta contra os pragmáticos do mal.

Lembrei dessa lenda porque ando cansado da ciência e do conhecimento técnico que explicam e dominam friamente o mundo, instrumentalizando tudo e todos, mas deixando rastros de sofrimento e morte por todos os lados. O mundo desencantado, sem mitos, sem lendas, sem histórias e narrativas fantásticas de entes imaginários, com ar de inocência infantil, está nos deixando a todos sem aquele espírito imaginativo, típico das crianças, que ainda poderia ser algum alento para mentes em busca de sentido. Nada mais parece fazer sentido e já não temos protetores à altura das causas nobres, como são a preservação das florestas e dos animais. Que falta faz o Curupira!

Como seria bom se em cada aviário, em cada fazenda de bois confinados, em cada fazenda industrial que tortura galinhas para abastecer o mercado de ovos, em cada estância ou cabanha de vacas leiteiras, em cada frigorífico, em cada matadouro, em cada floresta em desmatamento, em cada sujeito a manejar uma motosserra e em cada sessão de frios nos supermercados, rondasse um curupira assustador e atormentador. Volte Curupira, nunca estivemos tão precisados de você, menino!

Por todos os lados que se veem as coisas, parece que estamos dentro de um pesadelo. O humano tem se elevado a inimigo perigoso, tanto dos outros humanos, quanto e, sobretudo, do meio ambiente e dos animais. Mas, paradoxalmente, alguns humanos, geralmente mulheres, têm encarnado o Curupira e enfrentam, de forma destemida e audaz, os inimigos das florestas e dos animais.

Como não perceber a encarnação do espírito do Curupira numa mulher que se precipita para cima, em dedo em riste e gritando, de um agressor de um cachorro ou de um cavalo? Como não enxergar a encarnação do Curupira nos protetores voluntários e amigos dos animais que acolhem, dão abrigo, dão comida, levam ao veterinário, animais abandonados e doentes? Eu vejo o próprio Curupira, em forma de gente grande, nesses heróis anônimos e sem poderes mágicos, continuando a sua árdua missão de proteger a vida constantemente ameaçada.

Que o menino, de cabelo avermelhado e pés voltados para trás, ronde todos os cantos de nossas florestas e nossas ruas e avenidas. Sem ele, que graça teria viver nessa selva de pedra?

Dia 17 de julho é o dia dedicada a essa lenda. Que a semana seja de invocação do espírito do Curupira. Namastê!

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