sábado, 29 de abril de 2017

UM POUCO DE CINEMA



A produção é de 1985. Para uns, um filme antigo. Para outros, um clássico do cinema. Sem dúvida, um filme autoral, Como, aliás, a maioria dos dirigidos por Woody Allen. Para uns, um gênio. Para outros, um psicopata que transfere para seus personagens – muitos interpretados por ele mesmo – suas neuroses pessoais.

Me coloco na lista dos que gostam de seus filmes. Verdade que nem todos são geniais. Mas ninguém pode ser genial o tempo todo... Dentre os mais de 40 filmes por ele dirigidos, um dos que mais me fascinam pela sensibilidade no trato do tema e dos personagens, é “A Rosa Púrpura do Cairo”. O roteiro é simples: durante a Grande Depressão, uma garçonete (Cecília, vivida por Mia Farrow, então esposa do diretor) que sustenta o marido bêbado (Monk, por Danny Aiello), desempregado, violento e grosseiro, costuma fugir da realidade assistindo sessões seguidas de seus filmes prediletos. Ao assistir pela quinta vez o filme "A Rosa Púrpura do Cairo", ela tem uma grande surpresa. O herói (Tom Baxter, interpretado por Jeff Daniels) sai da tela e lhe oferece uma nova vida.

Se o roteiro é simples, o tema é complexo. Para os dois, Cecília e Tom, na medida em que a relação avança, trata-se de solucionar o dilema entre viver no mundo real, mesmo cheio de dificuldades, ou entregar-se à felicidade num mundo irreal que, ao ser adentrado, destruiria a identidade de seu personagem.

O filme é de 1985. Naquele tempo – pré-história para as novas gerações! – as fronteiras entre o real e o imaginário eram bem estabelecidas. A internet estava engatinhando e Marc Zuckenberg, o criador do Facebook, ainda não tinha completado um ano... Mas a problemática continua muito viva e atual: vale a pena a felicidade quando ela vive da fantasia e destrói a própria identidade?

Em tempo: o título deste texto faz explícita referência à música “Somos quem podemos ser” do Engenheiros do Hawaii. Coincidentemente, uma música antiga. É de 1988! Se não aconteceu, podia ter acontecido: para compor a letra, Humberto Gessinger se inspirou no “A Rosa Púrpura do Cairo” de Woody Allen. Se alguém tiver intimidade com o Humberto, poderia perguntar e nos esclarecer a duvida...

Nenhum comentário:

Postar um comentário