terça-feira, 11 de abril de 2017

CRISTÃOS DA SEXTA-FEIRA SANTA

Infelizmente, os cristãos se identificam mais com o sofrimento e a morte do que com a ressurreição de Cristo. Todos os anos as Igrejas ficam lotadas na Sexta-feira Santa, quando se reflete a paixão e a morte de Cristo, e não participam das alegrias do Sábado de Aleluia.

Ao analisar os últimos acontecimentos da vida de Cristo é conveniente assegurar que a morte não se constitui como uma catástrofe. Sua mensagem, sua vida, paixão e morte se fundem em uma unidade radical. Sua morte violenta numa cruz está implicada nas exigências de sua pregação, pois foi parar na cruz por ter chamado Deus de Pai e por ter sido acusado de agitador do povo.

Os quatro evangelhos do cânon mostram uma longa narrativa da paixão de Jesus. Estes evidenciam sua importância por ser uma narrativa contínua e caracterizar o objetivo salvador da morte de Jesus. Na vida pública de Jesus se percebe as atitudes de confronto em seu ministério com as autoridades que o levaram a prever, de modo indireto e implícito, um julgamento injusto e condenação a uma morte violenta.

A fidelidade à missão e a obediência ao Pai ressaltam um espírito de confiança de Jesus frente ao que esperava. O silêncio até a cruz mostra uma esperança inabalável que mesmo na morte o Pai não o abandonaria. Apesar da experiência de um abandono no momento de sua morte o grito na cruz é de obediência e auto-entrega nas mãos do Pai e não de desespero. O Filho se entrega a morte em plena consciência, obediência e por amor em favor dos homens.

Na época de Jesus faltavam cruzes para os malfeitores e por que é lembrada apenas a morte de Cristo? A morte de Cristo na cruz é apresentada como a grande intervenção e iniciativa de Deus em favor do homem pecador. E esta morte, vista como entrega, é doação e abandono nos braços do Pai em benefício dos homens. Ele morre em lugar do homem pecador e o redime da morte no pecado. Na óptica do mérito, é vida doada aos outros, é caminho para uma vida nova, e ressuscitada. A morte como satisfação é o reparo que o próprio Deus faz na desordem causada pelo pecado na vida humana. Jesus morre na cruz por amor libertando a humanidade do pecado que impede o acesso ao Criador.

A morte de Cristo, portanto, representa o cumprimento de uma vida vivida em plenitude. É sinal supremo do amor que reflete a vontade de Deus em salvar o homem. Na dor e no aparente abandono, fracasso e vitória do pecado, Deus se apresenta mais forte derrotando a morte estabelecendo em seu Filho uma Nova e Eterna Aliança. Nesta perspectiva há uma estreita relação entre morte e ressurreição: o morrer de Cristo é destruição da morte e início de uma nova vida. Mas, infelizmente, a maioria dos cristãos frente ao aparente fracasso humano na experiência da morte não dá o próximo passo para a esperança da ressurreição. Essa é a força transformadora da sociedade hodierna, mas o Brasil como país cristão é ferido pela corrupção, ganância, violência. Cadê a força transformadora dos cristãos? Pois, afirmou Emmanuel Mounier: “Aos cristãos só se pede que eles sejam eles mesmos. É verdade que aí está, sem dúvida, a Revolução

Nenhum comentário:

Postar um comentário