quinta-feira, 6 de abril de 2017

ESSA TAL FELICIDADE

Atualmente somos 7 bilhões de pessoas circulando sobre o planeta terra e todos com um desejo: ser feliz. Será que a conta fecha? Dá para tantas pessoas serem felizes num planeta com recursos limitados? Ou a felicidade não depende de recursos? Dá para ser feliz sem internet, sem carro, sem dinheiro para uma cervejinha, sem condições econômicas para um plano de saúde, sem dinheiro para usufruir as férias, os bens culturais etc? Será que todos podemos almejar a felicidade ou ela é reservada a alguns e para outros o que sobra é o “vale de lágrimas”? Essas perguntas parecem sem propósito e descabidas. É óbvio que a felicidade é para todos, dirá o leitor, meio sem paciência e quase indignado. O leitor é um sábio... A sabedoria é o caminho da felicidade, diziam os antigos filósofos...

Devemos a Aristóteles a ideia, ainda vigente, de que a felicidade é o fim último a que tendem as nossas ações. Fim último, porque ela não é meio para nada. A saúde é meio, o dinheiro é meio, as coisas e os amigos são meios, mas a felicidade é fim em si mesma. Ninguém deseja ser feliz para, em sendo feliz, alcançar uma coisa além dela. Claro, a felicidade não é um estado da alma duradouro, ela é uma atividade que, inclusive, depende de muitos meios, tais como amigos, beleza, dinheiro etc.

Os estoicos e os epicuristas diziam que a felicidade independe das condições externas, e o que importa mesmo é o estado da alma de serenidade, de controle sobre as paixões, alcançável mesmo em situações adversas de penúria e sofrimento. Para isso é fundamental limitar os desejos, fontes de muitas perturbações. Essa parece ser também a concepção de felicidade esposada pelo budismo.

Jesus aponta para outro caminho. Se queres ser feliz, faça os outros felizes. A felicidade não depende nem de meios e nem é um estado da alma que está sob nosso controle. A felicidade é um dom do Reino de Deus, alcançável no amor ao próximo. Nesse sentido não há nada mais terapêutico e liberador do que distribuir sorrisos ou cestas básicas aos necessitados, visitar os doentes e presos, curar as feridas do outro etc... Se estás infeliz, então faça alguém feliz e aí a felicidade te sorrirá. Se queres ser feliz, faça o outro feliz. Simples assim!

Para Kant a felicidade não é o que importa. O que importa mesmo é merecer a felicidade e para isso é preciso agir por dever e não com interesse em ser feliz. O que importa mesmo é ser bom, e não ser feliz. Ser feliz teria algo de mesquinho e de interesseiro egoístico. Estranho esse Kant, mesmo que instigante!

De qualquer forma, você já viveu um instante em que desejou que aquela fração de tempo se eternizasse? Você já viveu um instante num lugar em que não desejaria estar em outro? Se sim, então, você sabe do que estamos falando. Não sabe!?

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