segunda-feira, 25 de maio de 2015

OS DOIS LADOS DA FACA.

O Rio de janeiro continua lindo e continua sendo palco da mais nua e crua violência urbana praticada a qualquer hora e em qualquer lugar, sem que as autoridades responsáveis consigam controlar a situação. A população anda preocupada, com medo, aterrorizada. A qualquer momento um cidadão pode ser surpreendido por um delinquente, em sua grande maioria menores de idade, e ter a sua bolsa, sua bicicleta ou o seu aparelho celular roubado. Isso quando não tem a vida ceifada por um tiro ou pelo golpe de uma faca.

Curiosa ou coincidentemente esses crimes praticados por menores vêm se intensificando no momento em que a sociedade discute a redução da maioridade penal. O problema é que a questão é muito mais complexa do que se apresenta. Entendo que se alguém comete um crime hediondo, esse alguém deve ser punido por isso. Quando falamos de crimes hediondos nos referimos a estupro, sequestro e assassinato. Mas podemos incluir nessa lista o crime de corrupção muito praticado na política e no meio empresarial que também não pune com o devido rigor os seus praticantes. Não preciso explicar por que os três primeiros crimes citados são considerados hediondos, mas o crime de corrupção e sonegação precisa ser bem destrinchado, porque ele mata a esperança de muitos em ter uma vida melhor na nossa, as vezes tão exclusiva sociedade.

Quando se desvia dinheiro público deixa-se de investir em educação, saúde, emprego e moradia, que são ou deveriam ser prioridades na vida de qualquer cidadão. A todo instante somos brindados com escândalos envolvendo políticos e empresários corruptores, e sempre pontuados por cifras milionárias. Dinheiro esse que deveria ser investido no bem estar social. O perfil social desses "ladrões" é bem diferente dos outros que andam pelas ruas fazendo "ganhos" e tirando a paz e a tranquilidade dos cidadãos de bem. Eles não moram em favelas. Eles não passam fome. Eles tiveram boa educação. Por que então eles roubam e desviam dinheiro do povo? Quem é mais delinquente e nocivo nessa história toda?

Esses dias  no Rio de janeiro um menor delinquente matou um ciclista ao esfaqueá-lo para roubar a sua bicicleta. Tudo isso em plena Lagoa Rodrigo de Freitas, área nobre da cidade. Aliás, a faca tem sido o "instrumento de trabalho" mais usado pelos criminosos da cidade maravilhosa. O filho de um grande empresário brasileiro também matou um ciclista. Só que o ciclista em questão era um pobre coitado e muitos saíram em defesa do menino rico. Muitos desses estão pedindo, e com toda a razão, a cabeça do menor que também matou um ciclista. Só que um ciclista rico e morador da zona sul. Que tipo de justiça queremos para a sociedade da qual fazemos parte? Será que não é essa forma de distinguir as pessoas e suas ações que está provocando cada vez mais uma revolta nos que são colocados a margem? Como se não bastasse a imunidade parlamentar, ainda temos a imunidade sócio r econômica. Se o criminoso é rico, o perdão. Se o criminoso é pobre, o paredão. O exemplo deve ser dado de cima para baixo.

Nada justifica tirar a vida de outra pessoa, seja essa pessoa rica ou pobre. Não ter uma boa condição social não é desculpa para sair por aí roubando e matando. Esse argumento não cola. Pelo menos pra mim. A tendência ao crime tem muito a ver com o caráter de cada um. Isso vale também para os bem nascidos que desfrutam ilegalmente do dinheiro público e das vantagens que o seu cargo lhe oferece. O certo nisso tudo é que a faca é de dois gumes, está bem amolada e vai cortando quem encontrar pela frente. A justiça que costuma se fazer de cega que se cuide e trate de enxergar, de preferência, o outro lado da moeda e os dois lados faca.

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