sábado, 2 de maio de 2015

ACEITAR. ESTE É O PONTO DE PARTIDA..

O mundo de dona Elisângela pareceu desabar no dia em que o filho, com algum constrangimento, mas com muita decisão, revelou-lhe que era homossexual. Pensou nos comentários das amigas, pensou nos netos que jamais viriam. Dias depois, o filho apresentou-lhe o namorado. O drama de outra mãe foi diferente. Adorava o marido, tudo fazia para fazê-lo feliz, na cama, na mesa e no dia a dia. Sem qualquer crise, ele disse-lhe que amava outra mulher, vinte anos mais nova, e iria morar com ela.
Em outro lar, Geraldo notou que a esposa estava cada vez mais esquecida e tinha dificuldades para as tarefas rotineiras. Marcada uma consulta, o resultado foi péssimo: demência de Alzheimer. Outro drama afetou a vida de Euclides e Silvana: o filho único, 23 anos, morreu em um acidente.
Os quatro casos têm muito em comum. É o mundo que desaba, é um futuro sem horizontes. A impressão é que a vida acabou. E nos quatro casos não existe muito o que fazer no terreno prático. No campo psicológico, as alternativas são pobres: raiva, frustração, desânimo. São navios destroçados navegando sem rumo no mar da solidão.
No entanto, existem soluções. A primeira delas é conscientizar-se que a vida não acabou. A pessoa tem o direito e o dever de continuar sendo feliz, embora de outro jeito. É preciso partir do que existe e caminhar para a aceitação e não para o desespero.
É preciso partir de pressupostos já adotados por milhões de pessoas. Esses pressupostos podem ser reduzidos a quatro: não se pode mudar o outro; não se pode viver a vida do outro; não se pode proteger o outro – adulto – contra a sua vontade e; quando se aceita o que existe, pode-se então impor limites claros, proteger-se e encontrar soluções criativas.
É preciso partir daquilo que existe. Aceitar o que existe não significa gostar do que existe, nem significa permanecer passivo diante dos fatos. Significa: parar de torturar a si mesmo, parar de se achar culpado e fazer as pazes com esse fato. Aceitar o que existe é continuar preferindo que as coisas fossem diferentes e renunciar à raiva, ao medo e ao desânimo.
A partir daí, levar uma vida normal. Continuar cuidando o físico, continuar fazendo o que gosta - caminhar, viajar, escutar música - não abandonar as amizades e partilhar as emoções com pessoas próximas. Além disto, existe um núcleo secreto que precisa ser trabalhado: não deixar que a mágoa e o ódio tomem conta da vida. Isso significaria acrescentar mais uma dor à dor. E o mais importante: buscar junto à fé a serenidade que ajude a viver uma dimensão positiva.
De resto, Devemos dividir com Cristo o peso da cruz.

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