sábado, 29 de novembro de 2014

A FORÇA DAS COISAS FRACAS.

As forças da natureza sempre assustaram a humanidade. Vulcões, maremotos, tempestades, raios, secas e enchentes deixam marcas de destruição em toda a parte. Uma fábula, atribuída a Esopo (século VI antes de Cristo), fala da disputa entre alguns dos elementos da natureza. Quem era o mais forte, o vento, a tempestade ou o sol? Nada melhor que um teste. Qual deles seria capaz de arrancar o casaco de um cavaleiro, que seguia apressado, numa manhã medianamente fria?
O vento entrou em ação, inicialmente com rajadas esparsas. Depois com mais violência, derrubando árvores e destelhando casas, mas o viajante continuou firme, apertando ainda mais o seu casaco. Depois foi a vez da tempestade, enquanto o sol se escondia atrás de uma nuvem. Chuva, raios e trovoadas caíram sobre a terra. O cavaleiro abrigou-se da melhor forma possível, firmando o chapéu e abotoando o casaco. Diante do insucesso do vento e da tempestade, o sol deixou a nuvem para trás e começou a iluminar a terra, com seus raios suaves, sorrindo para a natureza. O viajante tirou casaco e continuou tranquilamente sua viagem.
Muitas vezes as aparências são enganosas. As coisas, aparentemente fortes, acabam vencidas pelas coisas fracas. Um enxame de abelhas pode afugentar um leão. Uma pequena porção de fermento contagia a massa. Um sorriso pode desarmar um homem violento.
A natureza nos ensina que as coisas fracas originam as fortes e poderosas. Minúsculos grãos de areia formam o deserto, gotas de água compõem o mar, pequenos tijolos são os componentes de um edifício. O inverso também acontece com as coisas fortes e que são vencidas. Um poema, com inspiração no Talmud judeu, confirma isso. O ferro é forte, mas o fogo o derrete. O fogo é forte, mas a água o apaga. A água é forte, mas o vento a dispersa. O vento é forte, mas a montanha espalha o vento. A montanha é forte, mas o homem derruba a montanha. O homem é forte, mas a morte derruba o homem. A morte é forte, mas o amor de Deus vence a morte.
A violência consegue os primeiros resultados, mas a vitória definitiva é do amor. A bondade, aparentemente fraca, costuma conseguir vitórias estupendas. A própria história da humanidade é prova disso. Contrariando toda a probabilidade, esta história é moldada, não pelos fortes, mas pelos fracos. Num instante de lucidez, Lênin admitiu: “Agora vejo que a Rússia precisava, não de mim, mas de um Francisco de Assis”.
O machado pode derrubar uma árvore ou mesmo uma floresta, mas ninguém pode deter a semente. O ódio pode destruir, mas somente a bondade sabe reconstruir. O apóstolo Paulo proclama: “Só o amor não passa”.

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