quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

QUE QUATRO ANOS! QUE GOVERNO!

Yeda Crusius é uma mulher de hábitos caros. Aprecia grandes casas, móveis e roupas de grife e carros conversíveis. Defensora do déficit zero para as finanças do Estado, a austeridade não é exatamente uma marca de sua vida privada. Ao apagar das luzes do seu governo, Yeda pode, finalmente, realizar um desejo que já alimentava há algum tempo.

“Há muito eu pedia para substituir as cerimônias formais de inauguração por uma celebração”, escreveu no twitter. Ela estava feliz da vida com a inauguração da RST 741, estrada que liga o Norte do Estado ao porto de Rio Grande. Resolveu extravasar: ao som de Eric Clapton e B.B. King, Yeda dirigiu um Mercedes conversível. A “celebração” virou um clip publicado no site do governo do Estado, onde Yeda finalmente pode encenar seu road movie. “Merecemos. Que estrada, que dia!”, tuitou ainda Yeda.
O novo clip é uma boa síntese do governo tucano que vai chegando ao fim. Amargando elevados índices de impopularidade e rejeitado por mais de 75% do eleitorado gaúcho, Yeda desfila feliz em um Mercedes conversível e apresenta a cena como uma visão de um “novo eixo de desenvolvimento”. A governadora tem todo o direito a comemorar o que bem entender do jeito que quiser. Prefere o estilo “nova rica”, como mostra o vídeo em questão. É o que tem para mostrar no final de sua gestão.
Um governo que não implementou políticas sociais, que sucateou setores importantes do Estado, que tratou os sindicatos e os movimentos sociais como criminosos e que carrega consigo, entre outras marcas, o assassinato covarde do sem terra Elton Brum da Silva, morto com um tiro de espingarda pelas costas por um integrante da Brigada Militar que ainda não foi a julgamento.
Acusada pelo Ministério Público Federal de integrar uma quadrilha criminosa instalada no aparelho de Estado, Yeda Crusius deixa o Palácio Piratini apresentando-se como vítima de uma odiosa perseguição. Chegou a se comparar à iraniana Sakineh Mohammadi-Ashtiani, condenada a morte por apedrejamento.
Yeda não foi apedrejada. Quem sofreu agressões, de fato, em seu governo, foram professores, estudantes, agricultores sem-terra e outros setores da sociedade que saíram às ruas para protestar contra o “novo jeito de governar”. Quem foi executado em público com um tiro pelas costas foi o sem terra Eltom. E quem foi atingido pelo sucateamento do Estado foi a população pobre que mais precisa de serviços públicos de qualidade.
Nada disso, obviamente, preocupa a sra. Yeda Crusius. Ela acredita que fez um ótimo governo, vítima de uma conspiração e mal compreendido pela população. Quer celebrar! Tem lá seus motivos. Sobreviveu a sucessivos escândalos e a um processo de impeachment. E chegou a dezembro de 2010 dirigindo um Mercedes conversível ao som de Eric Clapton e B.B.King. Que governo! Que quatro anos! Merecemos!

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