quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

QUANDO A LUA DE MEL TERMINA

Dom Quixote de la Mancha é um clássico da literatura universal. Enquete realizada em 2002, pela internet, o indicou como o melhor livro de ficção de todos os tempos. A primeira edição foi publicada em 1605. Seu autor: o espanhol Miguel de Cervantes. Uma civilização terminava e outra começava. A Idade Média, das catedrais, da Divina Comédia, do heroísmo, dos cavaleiros andantes termina, dando lugar ao Renascimento que apostou tudo na razão, jogando a religião na lata de lixo.

Cervantes participou da batalha de Lepanto, quando a Europa unida fez frente ao Islã, que tomara a ilha de Chipre e ameaçava o continente. Em três horas os muçulmanos perderam 240 navios e 20 mil homens. Dom Quixote - o herói - não tem consciência que um período terminou e isso causa alguma confusão em seu fiel escudeiro, Sancho Pança, que é incapaz de distinguir um moinho de vento de um gigante, um rebanho de ovelhas de um exército inimigo. Como todo o cavaleiro andante, Dom Quixote busca inspiração na mulher amada e formosa. Trata-se da Dulcinéia Del Toboso, mas que Sancho Pança – o bom senso – via nela uma lavradora analfabeta, sem qualquer beleza física que atendia pelo nome de Aldonça Lorenzo. Dom Quixote é o ideal, Sancho Pança o real, os cavaleiros andantes terminam e surge o povo. A fantasia é desmentida pela dura realidade.
Cervantes, na sátira mordente à sociedade, fala pela boca de Quixote e também pela boca de Sancho Pança. A obra de Cervantes ainda tem muito a nos ensinar, sobretudo no campo afetivo. Por vezes, a imaginação, no primeiro momento, ofusca a realidade. Para os namorados, a pessoa escolhida é perfeita. O amor é um poderoso filtro capaz de mudar a realidade por algum tempo. Existem jovens que imaginam casar com a Dulcinéia dos sonhos, mas casam, na realidade, com a Aldonça Lorenzo. Existem moças que veem no escolhido um príncipe – Dom Quixote - e acabam casando com Sancho Pança.

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