sexta-feira, 7 de agosto de 2009

DEMOCRACIA CULTURAL

A queda dos governos dos países socialistas do Leste europeu assinala não o fim do socialismo, como propaga a mídia capitalista, mas sim da absolutização de sistemas ideológicos. Desabam, com a herança estalinista, todas as estratégias de hegemonização da cultura, e a própria idéia de "evolução cultural". Não há culturas superiores, há culturas distintas. Agonizam as versões totalizadoras em todos os terrenos da produção de sentido – político, econômico e religioso. Quem pretender ignorar os sinais dos tempos terá de apelar ao autoritarismo para infundir temor. Sabemos agora que mesmo na América Latina não há uma cultura única, mas uma multiplicidade de culturas – indígena, negra, branca, sincrética – que se explicam por seus próprios fatores internos. Essa polissemia de sistema é uma riqueza, embora ameace o poder daqueles que imaginavam restaurar a uniformização medieval. Há mais de 500 anos da chegada de Colombo às Américas – uma invasão genocida que alguns chamam de "encontro de culturas" – convém relembrar esses conceitos antropológicos. E agora a democracia impregna também a cultura. Cada homem e mulher. Grupo étnico ou racial, descobre que pode ser produtor sentido de sua vida. O difícil respeitar isso como valor.

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